Na esquina, a mãe procura pelo alimento. A criança, em casa, chora. No bar, o guri gasta o seu dinheiro de estagiário. O dono, comemora. Na velha vitrola toca Elvis. O velho, rebola. Na sala de jantar o casal delicia um arroz à grega. A mulher, sorri. No termômetro a temperatura marca 6,5. O menino, pensa: amanhã, nada de aula. No céu a lua encoberta pelas nuvens de chuva. O solo com grãos novos agradece. Na rua um garoto tenta a vida. O homem casado, que topou o programa, se lambuza. No livro um verso de amor emociona a dona de casa. Ela chora. Na varanda as gurias se beijam. Uma delas, no entanto, quer terminar. E, enquanto isso, eu aqui no meu quarto, penso no seu abraço.
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não. Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.