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verSos de DesPEDIda

Um derrotado pelo não continuar que tentou brigar e desistiu/ Dos lábios guardarei a memória e riscarei as cicatrizes mais tristes/ Possível foi enquanto resistiu, mas quis o último verso e me caiu/ Na noite solitária o pensamento resposta trouxe/ Difícil acreditar enfim no concluir/ Um barco de razão viajou pelos canais e o corpo pediu abrigo para dormir/ O velho truque é sempre achado farsa, então que se faça decisão antes que exploda o crânio/ Sinto por retirar o seu anseio, mas o meu desejo ainda é livre-arbítrio.
Um silêncio no fim. A boca, carmim. Batom deixado, nos lábios, assim. Sincero sorrir, meio triste, enfim. Quis cobrir a falta de alegria em mim. Pedi um fato, recebi um toque. Fiquei a pedir, não refleti, fim.

30 e poucos anos

Meia-droga. 22h33. A maldita da Regina Spektor me infernizava pela caixinha preta do meu computador. Às vezes ela é uma chata, mas ajuda muito bem a ter uma boa noite de sono. Minha porção indie estava bem despertada no cerebelo. Até coloquei uma camiseta do The Killers para dormir. Ainda era cedo. Curti mais um pouco e continuei uma pesquisa idiota sobre filmes da década de 1960. Não tinha a mínima ideia do por que daquilo. Mudei a sonoridade e parti para The Smiths. Os longas-metragens sumiram e logo comecei a bisbilhotar os amores. A fonte, claro, um site de relacionamento, se é que podemos chamar o Orkut disso. Ok, nada melhor do que as lamúrias de Morrissey como trilha sonora. Primeira vítima: Luiza Vilela. Casou. Teve duas filhas, uma loirinha como ela e a outra morena como o pai, Patrício Albuquerque, advogado, de família tradicional. Um pulha de pessoa, tão arrogante quanto inteligente. Conseguiu a guria mais linda com base em O Pequeno Princípe. Genial! Arrancou-me pelos dedos...

Meio desligado

Ando muito mais do que meio desligado. Não estou caminhando, nem cantando; nem seguindo a porra daquela canção. Ignorei a falsa baiana, o barato total e o drão, mas me exaltei nos mares de Caymmi. Hoje fiz uma canção e não assinei. Péssima. Levantei da rede e vi pela TV um moço que perdeu o lenço e o documento. Fiquei preocupado, afinal, aonde os jovens andam? Perderam a cabeça? Fiquei um pouco de bobeira e uma abelha entrou na cozinha. Tentei matá-la, mas a desgraçada foi mais rápida: me picou. Acabou chorare. Deixei a água escorrer em minha mão e fiquei ouvindo um barulhinho bom. E o rádio ligado tocava aquela canção. Lembrei de você. Tem coisas que só o Roberto proporciona. A tarde vazia anunciava pelo canal mais um dia de calor intenso, perfeito para a vadiagem. Sinal fechado para o sol, imaginava eu. Mas ele é muito mais esperto e não economizou na intensidade de seus raios. Tirei a calça para por uma bermuda e achei no bolso 10 reais. Dinheiro na mão é vendaval. Virou carteiras d...

Sem

Meu dia em sem Com o seu aquém Outrora quisesse Além contrário Sem o constrangimento Nem contentamento. Noite sub-usada afora Embora enxergue Um escuro feliz. Noturno desejo No corromper característico Daquele artifício De um tom absurdo, De um ouvido errado E de outro surdo. Um resquício de dor Nesse mútuo prazer Sem ressentimento achar Esperando uma cor. Leonardo Handa

Apenas Um

De toda a forma, o meu entregar ao seu lado/ Minha caricatura mais animalesca refletida no espelho/ Os seus olhos a penetrar/ A sua veia a admirar/ O seu coração para despedaçar. De todo meu, o sincero fel ao escorrer do canal/ Um trunfo para admirar/ Sua respiração a acompanhar/ Segredos trocados na saliva/ Lasciva fala pronta para narrar . Entrego o meu e acompanho a sua/ Lua baixa pronta de sangrar/ Cálice aberto de admitir/ Troco o pulso pelo momento/ Não adianta argumento/ Perco um pouco para viver. Rabisco meu nome na pele/ Cicatrizo a fúria na tez do rosto/ Esotérico lido nos lábios/ Letra triste mimetizo nas costas/ Significado seja outrora não compreendido/ Meu amor hoje explícito. Formam frases por vezes/ Depende agora do ângulo/ Mas apenas um aparece/ Algum sabe, outro esquece/ De maneira certa, tudo fecha/ Meu poema escondido/ Meu sentimento declarado.

Imaginando...

Um copo de conhaque acompanhado de uma tosse chata. A voz rouca por causa dos muitos cigarros e do exagero da noite passada. A meia-luz serve de distração para o inseto que nem percebe a sua real insignificância. A janela um pouco aberta. Apesar do frio, muito odor no quarto de um prédio de classe-média. A fumaça vai bailando encontrando o ar da rua que insiste em ser a veia dos poluentes mecânicos. Acho que estou com um pouco de febre, sei lá. O bicho na lâmpada está começando a me incomodar. Logo esqueço. Leonard Cohen amortece os meus tímpanos e eu, em transe, me transporto para um campo de aveia. Fecho os olhos. Estou correndo sem direção alguma, só sentindo o vento morno adentrando os meus poros faciais. Sigo como um alucinado acreditando ser o humano mais feliz do mundo somente por causa do sol em meus lábios. O azul do céu é de um absurdo tão belo que praticamente esqueço que existem outras cores. O bardo canadense continua embalando, satisfazendo a minha sensação única de l...