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Os ditames

Na aventura dos sentidos O tempo resgata os perdidos E aquele ali, que antes Escrevia poesias marginais Agora elabora discursos Para os petistas. E o calor de seus lábios Hoje esfriam o amor Que os direitistas, ora exacerbados Portanto cancelam Gritos exacerbados. No trajeto da sua letra Algo ecoa nesse ouvido Porque no outro, eu duvido Que a Marina vá profanar. Mas na aventura dos sentidos O tempo resgata Até os esquecidos E a dança cega da digitação Far-se-á breve, por obrigação. 
Eu ando muito impaciente. Qualquer ruído me incomoda. E eu, que criticava o João Gilberto, começo a dar vazões exageradas ao seu chatismo absoluto. Eu me canso.
Que verve é essa, toda errada se manifestando num sábado qualquer? Os elementos eletrônicos não querem se mostrar favoráveis e esse que vós escreves, lamentas e, aos poucos, enlouqueces. Não tem uma razão aparente, já que as coisas, agora, são lógicas. Só as analógicas parecem de acordo. Fica a raiva.

A razão.

Qual eco atravessa o surdo coração da sua razão? Em mesas digitais com três mesários é encontrado? É preciso mais do que isso para prevalecer, você me diz. Mas se contradiz quando derruba seu papel de bala no chão. Você me quer mais educado em todas as situações Só que não olha os miseráveis ao seu redor. Fortalece alianças para celebrar os mais belos casamentos E fornece tratamentos àqueles que não querem a cura. A rua infestada destilada por certo o algo incerto Porque bandeiras são levantadas todos os dias E ninguém entende para qual norte são apontadas. A senhora queria um lindo beijo no recém-nascido Com câmeras registrando cada frame do ato Por uma única razão? Sim, emocionar o eco que atravessa surdo O coração daqueles mesmos que batem a sua razão.

Ego cego

Minhas velhas poesias Embalam o narciso Que rasteja Em memórias digitais. Um passado Um tanto ultrapassado É visto aqui Numa noite De delícias musicadas. Entre saudosismo E melodias As horas vão acabando Com mais lembranças Que, como crianças, Um dia cresceram. Suspiro calmo Com um sorriso trêmulo E alimento o ego Que hoje está cego.  lsH
Mamãe e papai na sala, enquanto eu degustava um café, conversavam sobre o curso que ela está fazendo no Senac. Toda receosa, a mulher que me pôs no mundo relatava a ele a respeito do conteúdo da aula de hoje: alimentos. Uma professora, com base na internet, passou imagens de comida com pedaços de bichos, parafusos e camisinha, coisas que chamam a atenção, despertam a curiosidade e denigrem a imagem das marcas fabricantes desses produtos. Os casos mais frequentes, basta uma ol hada rápida pela web, são do McDonalds. Sempre há pessoas que encontram vermes, fio de cabelo e insetos nos sanduíches da rede norte-americana. Minha mãe, durante a conversa, se pergunta: - será que são todos reais? Meu pai, pensativo, responde: - claro que não, algumas situações, com certeza, são forjadas. Ponto. Nisso, ao engolir um saboroso pão caseiro com maionese Hellman`s, fiquei a refletir: como somos alvos fáceis das artimanhas da internet. Ao assistir o filme Nóe, ontem, no único cinema que temos na regiã...
Estou meio vazio. Exatamente como aquelas percepções psicológicas de perguntas subjetivas. “Você vê este copo meio cheio ou meio vazio?”. O problema é minha falta de conteúdo. Antes, para escrever, as palavras brotavam lindas, maduras, graúdas, como se tivessem sido plantadas em terras férteis de Machado de Assis e regadas com Olavo Bilac, mas hoje estão cultivadas à base de Augusto Cury. A cada dia, sinto meu cérebro murchando, como se mal alimentado ele reclamasse por mais sílabas nutritivas, por mais exercícios fraseais e por mais temperos de vogais. Minhas preposições não são as mesmas nesse apanhado de lamentação que me acompanha. Ao menos percebo que me encontro desnutrido num momento que, eu luto, pelo contrário. Que o copo meio vazio se faça meio cheio, transbordando palavras, parágrafos e páginas.