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Mostrando postagens de dezembro, 2005

Enterrando na areia

Um dos hits do momento é a poesia hilariante de "Tô Ficando Atoladinha", da sensação carioca Tati Quebra Barraco. Eu, que estou aqui na praia de Pontal do Paraná, ouço essa música a cada carro que passa com garotos e garotas de faixa etária menor. É divertido, mas eu me queixo. Mas, como é verão, praia, bebedeira, cigarros e gente bonita, então o negócio é relaxar e curtir. Já estou me sentindo o Bola de Fogo da canção. Ou melhor, não podemos chamar isso de canção e, sim, de arroto. Porém, é bom salientar e admirar esse ritmo que chamam de funk carioca, como ele vira febre nesta época do ano. Sem falar que ele explode no carnaval, onde muitos artistas desconhecidos da grande massa vão aparecer diretamente em rádio e televisão. Todos eles estarão acompanhados de meninas com seus vestidos pocket, deixando mostrar a etiqueta, pra não dizer outra coisa. É tão legal. As letras são casos a parte. São tão herméticas e sagazes, demonstram criatividade. Estou sendo irônico, ok? Os tex...

Bilhete a uma amiga

Tudo bem Sonara, como estão as coisas? Eu continuo aqui com o meu boné, que você tanto abobinava. Depois de passada todas as etapas, as apresentações de monografia e projetos, sinto-me mais leve, um sentimento sem culpa de ter realizado um trabalho interessante nesses quatro anos de labuta e dedicação. Foram tantas coisas acontecidas e outras que espero veemente que aconteçam. Não foi um ano fácil, há de concordar. Mas, de qualquer forma, não posso dizer que foi ruim, afinal, "a vida tem sido generosa comigo". O que mais sinto é estar distante de duas pessoas que tanta falta fazem: você e a Aleta. Às vezes estou em casa sozinho e no final de semana não tenho mais a escapatória de invadir o recinto de vocês, já que longe agora se encontram. Minha consolação é colocar no som o álbum Eco do Jorge Drexler, acender um cigarro e ficar curtindo solitariamente um café frio, diga-se de passagem. É nesse momento que relembro quando ia na casa de vocês e ficava jogando conversa fora, nã...

OCULTO

Trato ao contrário/ Para fingir o certo que omito E destranco em sorrisos ensaiados que fojem Dos meus lábios. É cediço, mas ignoro/ Frêmito a negação/ Em meu coração Mesmo batendo oco um desejo verdadeiro. Grimpo por delgados deletérios/ E faço de suas páginas dobraduras que perduram Em minha memória salutar. Não é salobro o meu sentimento/ Prefiro não deixar por aí, espalhado em ares Que não posso respirar.

Abra-me em um abraço que me fecha em você

Tenha-me à pele SEM PUDOR E não traga dor QUANDO UM BEIJO me causar a vontade de voltar. FAÇA-ME do avesso, pois o seu endereço É meu lábio superior QUE ENCONTRA a estrada Do seu inferior. Destaca-me do seu ser Revertendo o fluxo Do contrário saber Em momentos arbitrários De silêncio e fazer. Abra-me em um abraço Que me fecha em você. E em um momento eu sinto o seu compasso Que acelera a cada passo Que te faço. Feche-me em um beijo Que me abre em você.

Bucólico

Será que ela quer o meu drama? Não entendo quando os seus olhos Me fuzilam graçolamente Eu sou por vezes misantropo. Ignoro quando pessoas me procuram Para palavras trocarem. Descarto a conversa Para não desfazer o meu traçado. Por horas me deito e nada olho Aguardo uma extrema-unção, mas até difícil é perder Mesmo que alguém possa tirar. Será que ela quer o meu drama? Faço manha de revolta E fico na porta aguardando o amanhã Que não trará novo, nem velho amor. Delinqüir pensamentos A cada passo tropeçado. Levanto a cabeça para novamente baixar E me deixo escorrer pelo beco bucólico Que descarrega no mar.

Doce Matar

Culpa dos dizeres ingratos que fizeram você me ver, tragando tabaco perfumado com o cansaço da dor. Eu não sei o sofrimento que te traduziu simples. Nem lembro da causa amplificada em ódio repassado com urgência. SÓ FUI PERCEBER A FALÊNCIA QUANDO AS PÁLPEBRAS SE FECHARAM. Tristemente alegre o seu silêncio me calou Da traição surgiu o amor que aos poucos evaporou. NADA FEZ A LEMBRANÇA SUPERAR AS HORAS QUE AFOGUEI EM COPOS DE GIM COM GUARANÁ ACOMPANHADO DO MEU DISCO PREDILETO. Se a outra te faz mais bem, quem sou o eu que irá discordar? Siga o natural que foi criado. A OPÇÃO FOI FEITA PARA ESCOLHER, assim mesma, simples de se explicar EM UMA CANÇÃO DOCE DE MATAR.

Deslocando-se pelo lado certamente errado

A tarde vai invadindo o coração ensolarado de uma certa guria. Ela está caminhando pela rua XV da capital paranaense, ouvindo em seu IPod uma canção do Elliott Smith. Um vocalize foge de suas cordas vocais, quase alcançando o tom real da música. Um pássaro voa rasante em seu teto de carne, mas ela nem percebe e continua deslizando pela calçada. Passa em frente ao McDonalds e compra um sorvete de baunilha. Sai Elliott Smith e entra Paul McCarthney, por acaso, "Vanilla Sky". A guria sorri uma felicidade sem razão e respira fundo. Não há nada em especial, nenhum novo amor, nenhum aumento salarial, nenhuma transa gostosa, nenhum amigo que ligou somente por saudades. Simplesmente ela está feliz, acompanhada do sorvete do McDonald e do IPod. Muitos criticariam esses dois 'objetos', como símbolos do consumo de massa, ingredientes que movem a máquina da indústria cultural, do capital selvagem, da influência descontrolada da publicidade, uma arma mortal que atinge os corpos ma...