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Deslocando-se pelo lado certamente errado

A tarde vai invadindo o coração ensolarado de uma certa guria. Ela está caminhando pela rua XV da capital paranaense, ouvindo em seu IPod uma canção do Elliott Smith. Um vocalize foge de suas cordas vocais, quase alcançando o tom real da música. Um pássaro voa rasante em seu teto de carne, mas ela nem percebe e continua deslizando pela calçada. Passa em frente ao McDonalds e compra um sorvete de baunilha. Sai Elliott Smith e entra Paul McCarthney, por acaso, "Vanilla Sky". A guria sorri uma felicidade sem razão e respira fundo.
Não há nada em especial, nenhum novo amor, nenhum aumento salarial, nenhuma transa gostosa, nenhum amigo que ligou somente por saudades. Simplesmente ela está feliz, acompanhada do sorvete do McDonald e do IPod. Muitos criticariam esses dois 'objetos', como símbolos do consumo de massa, ingredientes que movem a máquina da indústria cultural, do capital selvagem, da influência descontrolada da publicidade, uma arma mortal que atinge os corpos mais frágeis de pessoas que raciocinam. Não importa. Há felicidade no consumo da guria, que chega ao cine Ritz para ver a nova comédia romântica estrelada pela Cameron Diaz.
Ela coloca o IPod em sua bolsa Gucci, tira o dinheiro da carteira Mormaii, compra o ingresso e vai feliz entre as inúmeras pessoas (des)classificadas do consumo.

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um gole de derrota nesse asco. um casco entre as unhas, colabora. o copo quebrado acumula pó e o nó na garganta é charme. a calma quer explodir em caos para um fundo em furo se enfurecer na poética dissonante de um crescente anoitecer. mencionado antes, agora exposto "o mundo está duas doses abaixo" por mais que às vezes, acima, recria o oposto da colocação. então, não tenha medo hora ou cedo o coração padece e merece um aproveitar que tenha como fim o sorrir. (mas não acontece).

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.