Pular para o conteúdo principal

Poligamia

Estou praticando muito a poligamia. Não tenho culpa, encontro muitas pessoas interessantes. Quando percebo, o amor já aconteceu. Às vezes é apenas uma transa, em outras é paixão. Nego a culpa e não considero traição, de maneira alguma. Podem me chamar de puto, galinha, cretino e demais adjetivos peçonhentos. O meu veneno é mais em baixo, confesso. O fato é que tal ato me inspira no dia-a-dia, seja através de escritos, doses homeopáticas de gratidão, na minha musicalidade, no jeito de ver as coisas, as pessoas e as leituras. Não é de boa índole, mas aconselho a poligamia a qual me refiro.
Ontem a noite a suruba foi geral. Várias posições, encaixes, diálogos e sussuros. Gemidos também, muitos. Culpa da Kim Deal. Ela é fogo. Foi a primeira. Quando percebi, os outros integrantes do Pixies estavam juntos. Quando terminamos, fui para cama com Sonic Youth e, para apimentar o papo cabeça clitoriano (!), convidamos Nietzsche. Na realidade, queríamos o casal estranho Sartre e Simone, mas os dois estavam ocupados demais com as suas putinhas. Passamos duas horas ótimas, com direito a vinho e petiscos. Não ficamos mais devido a contratempos do Sonic Youth, que insistia em ir embora. Foi nesse momento que entraram para a festa o pessoal do Cansei de Ser Sexy. Muito álcool, com sentido cool. Diversão na certa. As meninas são ótimas. Não me acanhei e convidei o Klaxons também, diretos da Europa para o meu quarto. Que transa!
Passados alguns minutos de tempo, afinal, houve prorrogação, somente para desconsertar entrou na folia a galera queer. Uma delas era duvidosa, mas a Adriana Calcanhoto sabe muito bem agradar. Ela não veio trajada de seu personagem infantil, eu desdenho a pedofilia. Angela Ro Ro, quando era Keuroac, também se juntou. Gal e Bethania não. Já a Ana Carolina só deu uma passada. Atualmente, ela está mais interessada na Madonna. Outra que passou de relance foi a Nelly Furtado, já que demonstrou interesse ambíguo nos últimos dias. Deliciosamente pop. Para engrossar o caldo, Rufus Wainwright apimentou os sabores. O doce do amargo escorreu pelo papel que tinha escrito versos de amores. Quem curtiu a idéia foi o John Frusciante, um talento que fascinou. Que o diga o falecido River Phoenix. A sacanagem foi legal.
Quando acordei, embriagado, é óbvio, outros parceiros dividiam a cama. E lá estavam Ariano Suassuna, Hunter Thompson e Nick Hornby. Ao lado, Fiona Apple, Tori Amos e Patti Smith, todos abraçados. Lindo! Não agüentei e os convidei para mais uma rodada. Orgiástico!!!!!
Tudo acabou em caos, com o Queens Of The Stone Age e um gelado café da manhã. Não houve foda, apenas uma boa conversa. Pesada, diga-se de passagem, a respeito de putas e peitinhos de silicone. Logo após, fui trabalhar. Mas eu sei que a noite vai ter mais.

Postagens mais visitadas deste blog

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.