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Se entrar, eu saio.

Se entrar na minha vida, eu saio. Não faça mais desafios. Eu não os alcanço. As dúvidas já foram jogadas, agora dou a descarga. O calafrio não mais espero. Eu quero a tranqüilidade. Tento esquecer o meu lado bandido, mas sempre tenho um pouco de sangue em meus punhos. Apago aos poucos o meu passado sofrido, porém, sempre apago pouco. A memória vai ficando cheia, repleta, completa de desatinos. Não esqueço o que eu queria, pois o meu querer é possessivo. Mesmo assim, caso entrar na minha vida, eu encho a boca e digo que eu saio.
Não quero mais guardar lembranças. Está na hora de viver audácias, presente, futuro. Quem gosta do passado são os museus. Ainda existe espaço para recomeçar, confesso, apenas cante em meu ouvido uma canção da Tori Amos que eu me entrego. Infelizmente, sou fácil. E ambíguo.
Caso preferir me chamar de cretino, sem problemas, carrego sempre a cretinice em meu bolso. Apenas um charme de gratidão. Se não gostar mais dos meus beijos, existem outros por aí, espalhados em doses de alcatrão. Se confundir os outros lábios com os meus, eu entendo, afinal, é uma questão de tesão. Agora, se passar por isso e ainda quiser arrombar o meu coração, traga uma chave-inglesa e um punhado de canções. Nada é nunca e nunca é nada. Nunca diga nunca.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.