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Tiros em Columbine


Bate um frio no estômago. Desespero misturado com medo. Um coquetel intragável. Não vejo o momento em que eles entraram, apenas escuto os primeiros tiros. Alguém tenta se enconder atrás de um sofá. Não demora muito e é fuzilado. O sangue escorre e eles ficam ali, admirando. Procuro ficar atrás de uma prateleira repleta de livros. Por sorte, não me viram.
Trinta segundos se passam. Bang, bang, bang para todo o lado. Somente o meu se salva. Uma guria pede clemência. Ela é ouvida, mas não atendida. Fica o corpo, vai a alma. Mais trinta segundos e os dois conversam, contam piadas e dão risadas. Um deles aponta em outra vítima. Acerta o olho esquerdo com precisão cirúrgica. Encontro um caminho e sigo por ele. Enxergo a porta e escapo. Enquanto isso, outro alvo é acertado. Um garoto de quinze anos que sonhava em ser marinheiro. Outros mares agora ele navega.
Todos os gritos aos poucos acabam. Os últimos tiros são ouvidos. "Depois da queda, o coice".

No chão foram encontrados, com as suas armas e sangue. Uma outra realidade foi mostrada. Uma outra tristeza revelada.

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Dois

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