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Tiros em Columbine


Bate um frio no estômago. Desespero misturado com medo. Um coquetel intragável. Não vejo o momento em que eles entraram, apenas escuto os primeiros tiros. Alguém tenta se enconder atrás de um sofá. Não demora muito e é fuzilado. O sangue escorre e eles ficam ali, admirando. Procuro ficar atrás de uma prateleira repleta de livros. Por sorte, não me viram.
Trinta segundos se passam. Bang, bang, bang para todo o lado. Somente o meu se salva. Uma guria pede clemência. Ela é ouvida, mas não atendida. Fica o corpo, vai a alma. Mais trinta segundos e os dois conversam, contam piadas e dão risadas. Um deles aponta em outra vítima. Acerta o olho esquerdo com precisão cirúrgica. Encontro um caminho e sigo por ele. Enxergo a porta e escapo. Enquanto isso, outro alvo é acertado. Um garoto de quinze anos que sonhava em ser marinheiro. Outros mares agora ele navega.
Todos os gritos aos poucos acabam. Os últimos tiros são ouvidos. "Depois da queda, o coice".

No chão foram encontrados, com as suas armas e sangue. Uma outra realidade foi mostrada. Uma outra tristeza revelada.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.