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Mostrando postagens de agosto, 2007

Thom Yorke - The Clock

Esse cara é complicado. Quando surgiu no cenário musical com a sua banda, uma tal de Radiohead, anunciou aos quatro ventos que era um verme (Creep). Depois, lançaram um dos discos mais legais da década de 1990, The Bends. A canção Fake Plastic Trees arrancava da cerne o sentimento mais bonito, mesmo sendo triste. Em 1997, a banda colocou no mercado o álbum Ok Computer, uma beleza sônica com linhas de guitarras que até hoje estão marcadas nos corações dos aflitos. O futuro nunca foi tão controvérsio e discutido, graças ao Thom. Eis então que a banda entra em um hiato e após alguns anos lança Kid A, deixando todo mundo confuso. As canções do álbum, extremamente difíceis, colocaram em dúvida os fãs da banda. Mas, é só ouvir o disco mais de três vezes seguidas que dá para perceber o conceito da obra, totalmente diferente do que, até então, o Radhiohead vinha seguindo. Na seqüência vem Amnensiac e Hail Of The Thief, discos menores se comparado com Ok Computer e, propriamente, o Kid A. Em br...

abraçado ao corpo

Estou no quarto, deitado na cama, olhando para o nada. Estou em "dois a rodar". Acabei ficando tonto e despenquei do sétimo andar. Desmaiei no travesseiro de folhas secas. Olhei para o lado e imaginei a vida. Acordei com a boca repleta de sabão. Foi então que eu avistei ao lado uma tristeza em forma humana. Abri um sorriso. Lancei algumas falas de bolhas de sabão. A cada bolha que explodia, minha voz entrava no ouvido alheio. Aos poucos consegui tirar o desânimo dos olhos castanhos. Abri outro sorriso. Fechei em um beijo, longo, suave e molhado. Enxergo de longe, com os olhos fechados, a neblina gelada da madrugada do litoral. Os peixes celestiais transitam no ar fugindo dos gatos noturnos. Admiro o carrossel de caranguejos enquanto filo um cigarro. Cuspo no céu uma supernova. Ela viaja e adentra no corpo de Afrodite. Carinhosamente ela me manda um beijo. Agarro no ato e fico estático. Desempenho uma função ímpar de trocas interplanetárias, condensando o universo em um copo d...

Tocando o Terror

Esse escrito é dedicado e feito em homenagem à Stella, a mulher mais foda do mundo mundial. Levanta o corpo Da horta sonora Embora as plantas Estejam mortas. Joga no rosto Um pouco de sal E sinta o caos De puro gosto. Balance o colo Na pista de dança E lance um passo De compasso fácil. Acenda o cigarro E aspire o veneno, Faça um gargalo Espirrando o azedo.

Deserto de Sal

Algumas letras batem no ouvido, descem ao coração e atingem o cérebro de uma maneira tão certeira e fulgaz que são capazes de levantar os sentimentos, seja lá os quais forem: ódio, amor, tristeza ou alegria. Eu nunca gosto de comentar sobre a banda Wado e o Realismo Fantástico por puro egoísmo, pois quero a banda somente para mim, não quero que os outros comecem a gostar também. Tenho tantas outras bandas que conheço e não revelo nem aos amigos. É claro que outras muitas pessoas já as conhecem, porém, os próximos ainda não. Portanto, deixo estar. Tenho um lado egocêntrico bem aflorado. Não tinha como deixar a oportunidade passar e não mencionar o Wado e o Realismo Fantástico dessa vez. Eles atingiram uma perfeição no terceiro álbum, A Farsa do Samba Nublado, que levantaria até o Noel Rosa do túmulo - Deus o tenha, amém. O Wado, após os dois primeiros álbuns, também bons, desenvolve letras simples e espertas, proporcionando um sobro no coração, no sentimento cavocado, na alma mais abert...

A vida não vale um Fiat 147

A vida não vale um Fiat 147 Não serve no aluguel Não comporta a cesta básica Não enche o tanque de gasolina Não vale o maço de cigarro Não suporta o Jornal Nacional Não sustenta o vício Não cabe no saco de farinha Não absorve o sangue Não entende o Plínio Marcos Não entende o terrorista Não entende o Hunter Thompson. A vida não vale um Fusca 68 Não enche a barriga da criança Não cabe no litro de cachaça Não preenche o livro do poeta Não fecha o baseado Não entra na vagina da puta Não compreende o vagabundo. A vida não vale um pneu furado.

Pessoa Perdida Procura – Capítulo Dois – Dummy

O sol estava se despedindo. Um bonito fim de tarde em Guaratuba. Eu aceitei a carona da Gisele e entramos em seu Golf vermelho sangue. Ela disse que tinha a impressão de ter me conhecido no Porto Pier 3, um local que deve comportar umas 90 pessoas, tem dois pavimentos com bar e lanchonete. O lugar era bem agradável. Vagamente eu recordava que já tinha passado por lá. Só não lembrava ainda como tinha parado na estrada entre Coroados e Guaratuba. - Aliás, qual é o seu nome? – Perguntou a farmacêutica de lindos olhos negros. - Eu não tenho certeza quanto a isso, mas acho que me chamo Israel. – Foi naquele momento que me dei conta que estava sem a minha carteira. Enquanto Gisele dirigia em direção ao posto de saúde e ouvíamos no som do carro um disco do Portishead, se não me engano era o Dummy, vasculhei a minha mochila. Não encontrei porra nenhuma de carteira. Mas, entre os CDs soltos e a edição do Misto-quente, do Bucowski, estava a minha agenda. Abri. Foi quando caiu minha carteira de m...

Pessoa perdida procura - Capítulo 1

Não lembro ao certo como aconteceu. Eu estava perdido em uma estrada que ligava Coroados a Guaratuba. O problema era que eu nunca recordava como tinha chegado àquele lugar. Era como se eu estivesse dormido na minha cama e acordado na estrada. O pior era que eu não tinha nenhuma pista de como eu havia chegado lá. Eu tinha apenas um relógio de pulso de cor cinza com o ponteiro dos segundos quebrado e uma mochila com alguns CDs, um disk-man, uma garrafa de Jack Daniels, uns maços de cigarro, uma edição do "Misto-quente", do Charles Bucowski e uma agenda. Eu estava usando uma calça jeans azul clara, tênis Adidas, uma camiseta rasgada com os dizeres "Lover Loser" logo abaixo de um desenho do Presto, um dos personagens da Caverna do Dragão. Se não me engano eu estava com um colar de sementes de alguma coisa e uma forte dor na coxa direita, o que me fazia mancar. Caminhei por alguns quilômetros - dois, para ser exato - e encontrei uma sombra para descansar. Eu estava com u...
Doce necessidade de vazar. Vejo com as mãos, mas sou cego dos dedos. Procuro com a língua, mesmo ela sendo surda. Ouço, então, pelos olhos que um pouco escutam. Confundo o céu da boca com o fim do mundo que muito próximo saiu em câncer do meu pulmão. Por isso, agora, eu quero vazar antes que eu volte a confundir.