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abraçado ao corpo


Estou no quarto, deitado na cama, olhando para o nada. Estou em "dois a rodar". Acabei ficando tonto e despenquei do sétimo andar. Desmaiei no travesseiro de folhas secas. Olhei para o lado e imaginei a vida. Acordei com a boca repleta de sabão. Foi então que eu avistei ao lado uma tristeza em forma humana. Abri um sorriso. Lancei algumas falas de bolhas de sabão. A cada bolha que explodia, minha voz entrava no ouvido alheio. Aos poucos consegui tirar o desânimo dos olhos castanhos. Abri outro sorriso. Fechei em um beijo, longo, suave e molhado.

Enxergo de longe, com os olhos fechados, a neblina gelada da madrugada do litoral. Os peixes celestiais transitam no ar fugindo dos gatos noturnos. Admiro o carrossel de caranguejos enquanto filo um cigarro. Cuspo no céu uma supernova. Ela viaja e adentra no corpo de Afrodite. Carinhosamente ela me manda um beijo. Agarro no ato e fico estático.

Desempenho uma função ímpar de trocas interplanetárias, condensando o universo em um copo de café. Tropeço nos cacos de vidros de vodca. Cheiro à fumaça. Fecho os tímpanos para não ouvir a canção. Mas não adianta. Obedeço e sigo com o dia, abraçado ao corpo. Silêncio. Mortal. E absoluto.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...