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Samba de Emoção

Vai, coração.
Exploda no último acorde
Bem no fim da canção.
Jogue da artéria a última gota
O derradeiro sentimento
O caos do ressentimento
A primeira emoção.

Uma nota dissonante
Uma vida errante
Um cemitério de elefantes
Uma antologia de escritos
Um álbum não ouvido
Um amor não vivido.

Vai, coração.
Entre em auto-combustão
No próximo solo
Regado a alcatrão.
Deixe a fumaça vazar da aorta
Ficando aos poucos morta
Em uma partitura outrora.

Em um beijo perdido
Em um olho de vidro
Em um castelo de pó
Em um desejo aberto
Em um brinquedo de Lego
Em um sorriso de plástico
Em um Cristo de nó
Em um poema fechado
Em uma clave de sol.

Vai, coração.
Perceba o sustenido
Com um descalibrado ouvido
Que não sintoniza o sim
Só justifica o não
No dedilhar moribundo
De um belo e triste
Samba de emoção.

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Fim

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Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...