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Ele

Quase madrugada. O sono não chega. Ele está cansado, mas não quer repousar os olhos. Acabou de fumar e agora sente na boca o gosto da saudade. O tabaco lhe traz recordações. Fica pensando na película apreciou. Isso remeteu a outras lembranças. Amores desejados, confinados e descartados. Amores vividos, observados e salientados. Amores hipérboles, frêmitos e sagazes.
Quase virando o dia. O sono insiste em não aparecer. Nem sequer dá um resquício ou uma sugestão que poderá se apresentar a fim de aliviar o pensamento. Ele só pensa em ouvir a voz, nem que seja pelo telefone. Ele só pensa na paixão, que quis ferir com uma traição. Ele acredita que foi voluntária. E qual não é? O propósito pode ter existido para tornar as coisas mais fáceis. Isso lhe causa raiva, ódio e nojo. Mas o amor é uma grande besteira que permite à pessoa estender o perdão em lábios sedentos por um abrigo que outrora o carinho aliviou. Como entender os meandros do coração se a mente é complemento da organização humana? Ele nem se tocou do que disse em voz alta; uma indagação interna de sentido confuso. Ou não.
Ele só queria falar que não há como negar ou apagar os momentos vividos e seguir simplesmente na ignorância de não ter curtido, amado e aproveitado a experiência. Ele faz um esforço danado para tentar ao menos riscar da memória certos perdizes ou procurar os elementos que servissem de conforto para aceitar a situação. Têm dias que ele consegue. Têm dias que ele se afunda. Seria assim sempre? High and dry? Pergunta-se.
Quase dia. Ele precisa se dedicar ao trabalho. A latente dor quase não lhe permite. Paciência, ele pensa. Algo que não possui, mas tenta levar mais 24 horas com o coração prestes a "vulcanalizar".

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um gole de derrota nesse asco. um casco entre as unhas, colabora. o copo quebrado acumula pó e o nó na garganta é charme. a calma quer explodir em caos para um fundo em furo se enfurecer na poética dissonante de um crescente anoitecer. mencionado antes, agora exposto "o mundo está duas doses abaixo" por mais que às vezes, acima, recria o oposto da colocação. então, não tenha medo hora ou cedo o coração padece e merece um aproveitar que tenha como fim o sorrir. (mas não acontece).

Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.