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Tarde

Falta paciência às vezes. Encarna um espírito de porco e se desconcentra rapidamente. Tenta relaxar ao som de alguma canção da trilha de Elizabethtown, mas só consegue aumentar a ira. Não se suporta mais. Vive em jogos de cartas, cigarros e vinho vagabundo. O corpo arde. Uma febre nada convencional. O carisma escorre pelo ralo do chuveiro em forma de porra. O hálito fica ácido enquanto fica olhando a foto do portarretrato trincado, presente no criado-mudo. Tenta pôr tudo para fora através do vômito.
Não consegue focar seu objetivo. Entorta mais um gole. Perde-se na curva entre o banheiro e o quarto. Vira mais um. Bate o dedinho na quina da cama. Bebe mais. Atira o copo pela janela do oitavo andar. Era de plástico. Joga-se na cama e vê os próprios olhos sairem pelo nariz. Ele queria beber mais um gole, mas lembrou que jogou o copo. Fecha as pálpebras... E dorme sem paciência, já que mais um dia vai amanhecer tardiamente.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...