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Tarde

Falta paciência às vezes. Encarna um espírito de porco e se desconcentra rapidamente. Tenta relaxar ao som de alguma canção da trilha de Elizabethtown, mas só consegue aumentar a ira. Não se suporta mais. Vive em jogos de cartas, cigarros e vinho vagabundo. O corpo arde. Uma febre nada convencional. O carisma escorre pelo ralo do chuveiro em forma de porra. O hálito fica ácido enquanto fica olhando a foto do portarretrato trincado, presente no criado-mudo. Tenta pôr tudo para fora através do vômito.
Não consegue focar seu objetivo. Entorta mais um gole. Perde-se na curva entre o banheiro e o quarto. Vira mais um. Bate o dedinho na quina da cama. Bebe mais. Atira o copo pela janela do oitavo andar. Era de plástico. Joga-se na cama e vê os próprios olhos sairem pelo nariz. Ele queria beber mais um gole, mas lembrou que jogou o copo. Fecha as pálpebras... E dorme sem paciência, já que mais um dia vai amanhecer tardiamente.

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.

Ah! Que pena Radiophonics

- Pai, o que você vai me dar de presente de Natal? Perguntou o menino de 12 anos de idade. O benfeitor, todo preocupado em dar uma resposta aceitável, engasgou na falada e tropeçou na dicção. Mas disse, por fim, que pretendia adquirir a bolachinha sônica da Radiophonics. Na hora, o guri esbravejou:- Dois olhos, EULÁLIA!!!!! Um sorriso se fez presente no rosto do pai.O tempo passou e o menino soube através de comentários de seu irmão mais velho que a banda tinha terminado as suas atividades. Os membros do grupo, cada qual, seguiria por estradas, talvez, paralelas. De tanto ouvir “Eulália” nas rádios, os ouvidos do guri desenvolveram aguçados sentidos. Ele sabia de cor os acordes da canção. Já tinha decorado as linhas de baixo e as precisas viradas da bateria. Inevitável a tristeza ao saber sobre o fim da Radiophonics.O pai, que tinha lido o release no site da banda, estava crente de que compraria o CD da rapaziada. Ele também ficou desapontado. Afinal, o que levaria um grupo com previst...