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Coragem.

Eu sempre tive um problema ou, talvez, uma solução: o sofrimento por antecipação. Repentinamente, quando a mente está de bobeira, imagino como será quando meus pais morrerem, como seguirei meu caminho, como será minha vida sem eles, como será a minha solidão, a minha tristeza. Um dia a morte virá e tudo aquilo que sabemos, mas não vivemos ainda. 
Este é apenas um exemplo bobo que, psicologicamente, não é nada aconselhável. Eu utilizo como ferramenta de previsão, de como deverei agir no futuro. Serve para alguma coisa? Não tenho a mínima ideia. O mais recente arquétipo, no momento, mais próximo, bem mais próximo, pois se trata de dias, é a despedida de amigos. Há um mês, meu amor pediu o desquite, agora, fico sabendo que uma grande amiga vai partir, navegar novas ruas, respirar novos amores, trabalhar novos retratos, curtir outros compartilhamentos, aproveitar novas aventuras. E, novamente, vou sofrendo por antecipação. Estou extremamente feliz que tenha dado tudo certo para ela. Porém, com um pensamento egoísta, me pergunto: e agora? Como eu fico? Sempre quando alguém vai embora, principalmente quando se é uma pessoa muito, muito querida, um chão se rompe. 
Já estou imaginando os abraços, as lágrimas despencando, o coração acelerado. Em menos de cinco meses, será mais um dos "tchaus" super-importantes da minha vida. Um dia, foi um casal, depois, o namorado, agora, a grande amiga. Não deveria sentir essa melancolia, ninguém quer, mas é algo involuntário, sem controle. 
Enfim, contudo, com essa mesma amiga, em uma conversa, falamos: parece que sempre quando alguém vai embora você sente inveja, porque você ficou, continua no mesmo lugar, e eles estão crescendo, evoluindo. Por que será que dá essa sensação? Não sei, não vou sentir isso contigo, sentirei apenas falta e a certeza de que estou ficando por medo, e você vai porque tem coragem. 

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.