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Diário de bordo

Dia 05 de fevereiro. 22h34. Deitado no sofá da sala, acabo de ler uma matéria sobre a fase Ziggy do David Bowie. A sua história com o meio irmão, Terry, me deixou com o sentimento exposto. É que me identifico com pessoas que possuem problemas mentais. Talvez por ser uma. Nesse meu diário de bordo, onde enfrento mais um rompimento amoroso, parece que tudo é utilizado como maneira para enfrentar a dor. Não queria deixar a impressão de tristeza, mas é inevitável. 
Enquanto o relógio da sala faz tic tac e a minha cachorrinha rói um osso velho no tapete, fico pensando em como poderia ter sido diferente. Na realidade, nem sei se sinto mais, se sinto muito ou se me sinto bem ou mal. Apenas sinto. Mas o quê? Por isso que vem a história do Terry e seus internamentos, até o seu término com a cabeça estrategicamente colocada nos trilhos de um trem. Ficou um sentido suicida? Sim. É claro que não estou atestando aqui meu desejo de realizar a atitude. Não. Só queria dizer que se trata de um alívio para muitas pessoas. Apesar de ser meio covarde, dependendo dos casos, deve ser extremamente respeitada. Infelizmente, o cérebro realiza tamanhas artimanhas que fica impossível controlá-lo. E, apesar de todos sabermos, quando a morte chega, nunca estamos preparados. Não lembro quem disse isso, mas, com certeza, não fui eu. 

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.