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Mostrando postagens de junho, 2019
Clássico  A febre desse amor em clima pulsante E a sua garganta linda em minhas mãos. O tanque de uísque pousado na mesa E o estoque de alcatrão entre os vãos. Giro os olhos afoitos em direção aos dedos Enquanto seu suspiro tranquiliza o redor E a minha tentativa de invasão se torna certeira Conseguindo a compreensão do furor. Observo os detalhes dos poros do seu pescoço E o arrepio da pele morena que me fascina. Não há nada melhor do que essa vacina Ao menos para alguém que sentia uma carnificina. O levantar do seu sufoco fica calmo Enquanto a minha ânsia se torna plácida E aquilo que eu havia segurado Permito contigo soltar com pouco estrago. Bem devagar eu saio e alcanço o gole Bebido como leite pela boca úmida E acendo meu filtro branco como se fosse o primeiro De outros muitos que virão clássicos. lsH
Algumas frases que não falo mais depois dos 35 Cerveja barata é legal. Sabe onde encontro mais? Tudo o que preciso é de um colchão e sinal de internet, além da minha bicicleta. Cerveja barata é bom, né? Tudo o que eu quero é curtir a vida e gozar a liberdade com meus amigos. TODOS OS DIAS. E viajar muito, lógico. Quero ter um trabalho bem flexível, sabe? Desses que a gente tem tempo para fazer outros projetos, escrever poesias, livros, pintar camisetas. Quero sempre estar at ualizado com os filmes, os livros, as músicas, além de estar sempre buscando aperfeiçoamento. Eu quero uma vida de sarcasmos, saca? Tipo Calvin e Haroldo. Definitivamente, cerveja barata é tudo na vida. Eu vou trabalhar num escritório que me permita me concentrar em coisas criativas, até eu ser reconhecido e poder largar tudo na real e sair por aí vivendo de arte. Não acho que eu esteja pedindo muito. Sério, quero ser reconhecido logo. Caralho, essa cerveja barata é a MELHOR COISA QUE ALGUÉM JÁ INVENTOU! Mistura...
Eu não queria mais voltar. Por alguma razão, cá estou. Confesso que não me sinto muito confortável. Até atrapalha meu pensar. Não consigo deixar claro. Muito menos, escuro. Não queria estar de novo recolhendo cada fragmento que me compõe. Não queria estar novamente escrevendo o "não". Não me via começando outra vez as frases com essa palavra tão miúda de três letrinhas. Não passou. Sei lá se vai passar. Mas, se retornei, foi por alguma questão. E ela é você. Talvez eu esteja  apenas encantado, como me disseram, apesar de que me sinto muito apaixonado. Nem preciso comentar isso contigo. Está longe. Longe fisicamente. Longe emocionalmente. Em outra direção que, lógico, não é a minha. Tenho em mente que para ti foi um caso, outra conquista para ficar registrada na pele, como pessoas que colecionam amores. No entanto, para mim, uma sensação de algo não terminado. Enfim, nem tudo na vida precisa ter um final. Só não queria ter retornado para o início. Do sofrer, calado, no caso.
Para cumprimentar, não precisa fazer a chuca, não precisa lavar a bunda, não precisa ser santo. Para cumprimentar, não precisa ser amado, não precisa ser corno, não precisa ser arrogante. Para cumprimentar, não precisa vestir roupa de marca, não precisa estar sem, não precisa estar com. Para cumprimentar, não precisa ser rico, não precisa ser pobre, não precisa ser de classe alguma. Para cumprimentar, não precisa estar manso, não precisa estar bravo, não precisa estar content e. Para cumprimentar, não precisa se machucar, não precisa se alegrar, não precisa se entregar. Para cumprimentar não precisa ter medo, não precisa ignorar, não precisa estar bêbado. Para cumprimentar, não precisa estar de chinelo, não precisa estar de All Star, não precisa estar de Prada. Para cumprimentar, não precisa ser elegante, não precisa se mostrar o prepotente, não precisa ser o melhor. Para cumprimentar, não precisa estar em dia com o imposto de renda, não precisa ter viajado para a Europa, não precisa f...
Melancolia minha, daquilo que vivi ontem, ou daquilo que vivo agora. Melancolia nossa, tão ausente quanto tu. Melancolia outrora, futuro breve, obtuso instante. Melancolia a noite e ao dia. Melancolia boa deste momento Melancolia ótima para refletir Melancolia incrível para amar Melancolia linda ao vento. lsH
Bate coração, mudo de razão Neste peito oco de foco E carente de exclamação. Perfura a carne ao leite O reler da veia que percorre E junto ao pulso, escorre. Bate coração, seu estúpido Entope a artéria com amor E jorre em sorrisos Qualquer pequeno calor. Termine longamente nunca Mesmo que agora fique E sem que haja despedida Eu quero sem partida. lsH

Esse Meu Doce Matar

Quebrei a cara. Que cara eu sigo? Persigo o curto. O caminho fácil. Qual a graça? Pergunta simples. Sigo errado. Pelo menos, acho. Se acho, Certeza Não tenho. Mas se tenho algo Algo talvez Eu sinta. Analiso E sintetizo O que escapa. Um mapa De fragmentos Descolados na memória Soltos por aí Em ilhas digitais Sem reset Sem delete Sem gilete Sem deleite. Troco um destino Por dois carinhos. Mas tenho Carência? Só aderência De permitir Meu egoísmo. Penso Logo, resisto. Desisto Ao contrário Pois sou Bem otário Quanto ao sentimento. Queria o inverso Mas serei frio? Não entendo. Compreendo que afasto Todavia é meu erro? Porém, contudo, senão? Quem sabe você Que me abrirá Abrigará aqui Uma resposta acolá. Enquanto isso, Vou ali Sozinho fumar Algo que Pelo menos Me faça sentir, Nem que seja Esse Meu Doce Matar. lsH

Até de amor nos curar

Nada se compara a você. Eu queria ter um derrame de amor, Por ti. Meu rádio toca a mesma canção Meu tímpano está viciado E o meu corpo também. Por ti. Respiro aquilo que te cheirei Do peito até sua nuca Da tatuagem até a virilha. Nada se compara a você E tenho medo Que tudo será comparado, Nos próximos, Nos outros, Nos vácuos. Eu queria ter uma ferida contigo Que continuasse aberta Até de amor nos curar. lsH
Na aventura dos sentidos O tempo resgata os perdidos E aquele ali, que antes Escrevia poesias marginais Agora elabora discursos Para os petistas. E o calor de seus lábios Hoje esfriam o amor Que os direitistas, ora exacerbados Portanto cancelam Gritos exacerbados. No trajeto da sua letra Algo ecoa nesse ouvido Porque no outro, eu duvido Que a Marina vá profanar. Mas na aventura dos sentidos O tempo resgata Até os esquecidos E a dança cega da digitação Far-se-á breve, por obrigação.
Eu vou fumar todos os cigarros. Vou desaparecer com a fumaça. Vou consumir todos os remédios. Vou sumir com a ansiedade. Vou procurar todos os métodos, vou seguir nos erros. Vou revirar os vodus. Vou beber a macumba. Vou ao submundo. Vou morrer para ressuscitar. Vou beber aquele veneno. Vou tragar todas as derrotas. Vou viver a mesma situação. Vou amar outra pessoa. Vou prosseguir como estorvo. Vou seguir como perdido. Vou chorar a mesma música. Vou escrever um novo roteiro.  Vou estraçalhar o meu peito. Vou cuspir o azedo. Vou dar um beijo seco. Vou chupar o amargo. Vou contar os segundos. Vou atirar nos minutos. Vou atropelar um coração. Vou sofrer o caramba. Vou reviver o futuro. Vou viver o passado. Vou praticar o presente. Vou me perder na estrada. Vou pedir uma carona. Vou viajar pelo deserto. Vou ser amigo da solidão. Vou encontrar a derrota. Vou cortar a cabeça. Vou cheirar óleo diesel. Vou ressecar o olho. Vou furar a mão com um prego. Vou subir uma montanha de pó. Vou sor...
E esses sonhos de você querer, seja lá o que satisfaça. O olhar para uma pequena nuvem se dissolvendo em prantos a molhar o árido do seu sentir. O admirar de um casal rindo da hora qualquer do clima a conviver. O se identificar da situação no calor da emoção de um beijo roubado. O acordar ao lado de uma pele que você passou a madrugar trocando sutilizes de tocar. O acompanhar de um respirar de uma criança que nem sabe as alegrias que a espera. O sonhar acordado de um dormir tranquilo. E aqueles quereres que sempre ousam sem explicar.

O ponto

Era um ponto negro, pequeno, localizado no centro do peito. Às vezes coçava, chegava até arder. Não foi dada importância desde que surgiu. Parecia como um aglomerado de melanócitos, algo comum, de acordo com os dermatologistas. Com o tempo foi crescendo. Na adolescência, mais precisamente, ficou do tamanho de uma tampinha de Fanta. Começou a incomodar, porque doía: pontadas agudas que pareciam como a sensação de palitos de gelo adentrando a carne. Certas vezes, porém, o ponto mudava de cor, deixando a negritude de lado e assumindo um tom azulado, como um céu de inverno pela manhã, depois que a geada se dissipa com os primeiros raios solares. Naqueles dias, a cabeça reagia de forma estranha, algo como um misto de euforia e felicidade, sentimentos não tão comuns para a época. Mas, depois de alguns dias, voltava a ficar escuro, como uma obra do Caravaggio sem a réstia da luz presente em seus quadros. Foi então que apareceu a letra M dentro do ponto, de melancolia, de melodrama, de merda, ...