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Eu não queria mais voltar. Por alguma razão, cá estou. Confesso que não me sinto muito confortável. Até atrapalha meu pensar. Não consigo deixar claro. Muito menos, escuro. Não queria estar de novo recolhendo cada fragmento que me compõe. Não queria estar novamente escrevendo o "não". Não me via começando outra vez as frases com essa palavra tão miúda de três letrinhas. Não passou. Sei lá se vai passar. Mas, se retornei, foi por alguma questão. E ela é você. Talvez eu esteja apenas encantando, como me disseram, apesar de que me sinto muito apaixonado. Nem preciso comentar isso contigo. Está longe. Longe fisicamente. Longe emocionalmente. Em outra direção que, lógico, não é a minha. Tenho em mente que para ti foi um caso, outra conquista para ficar registrada na pele, como pessoas que colecionam amores. No entanto, para mim, uma sensação de algo não terminado. Enfim, nem tudo na vida precisa ter um final. Só não queria ter retornado para o início. Do sofrer, calado, no caso. 
Melancolia minha, daquilo que vivi ontem, ou daquilo que vivo agora. Melancolia nossa, tão ausente quanto tu. Melancolia outrora, futuro breve, obtuso instante. Melancolia a noite e ao dia. Melancolia boa deste momento Melancolia ótima para refletir Melancolia incrível para amar Melancolia linda ao vento.

O nome Dela

- Com nome de artista de cinema. Disse ela. - Foi assim que minha mãe me batizou. E eu nunca soube seu verdadeiro nome. Nunca. Não naqueles momentos. Conheci outros prazeres, como o toque da sua pele, o cheiro de cigarro do seu cabelo e o molhado de seus beijos. Não tive outras intimidades. Seus olhos castanhos tinham uma tristeza muito bem disfarçada. Eu, que me achava o especialista em decifrar mistérios. Sentia-me o cara mais perdido quando tentava tirar algo daquele olhar. Era impenetrável, ao contrário da parte mais baixa. Bem mais baixa. Um pouco mais. Isso aí. Desce, vai. Pode ir mais um pouco. Eu deixo. A imaginação é livre quando se trata de cada um, de cada qual, de cada mente. É bom, né? - Quando eu sair dessa vidinha lazarenta, quero me mudar para a Batel, ter diarista, mandá-la tirar o pó e lavar o banheiro do meu apartamento como se fosse o reino mais divino. Esquisito, confesso, ouvir isso dela, uma mulher de atitudes simples, às vezes vulgares. Tentei comparar a fr...
Madrugada. Sei lá que horas. Estou sem relógio, sem celular e sem carteira. Meus documentos, não tenho ideia. Eu só lembro de nós dois. E, mesmo assim, nada sei. Após a briga, acho que fui afogar a dor de cotovelo.  No posto de combustíveis, nessa beira de estrada, toca R.E.M. Uma rádio FM qualquer sintonizada. Um caminhoneiro retorce o rosto. Não entendo se é por causa da música ou da minha presença. No bolso, uma carteira de Marlboro pela metade. Nas mãos, um isqueiro Zippo falsificado. No céu, tantos pontinhos piscando que imagino: se não tiver vida em outra constelação tudo isso é um tremendo desperdício de espaço. Será que os ETs louvam algum deus? Pensamento sem noção para o momento.  Michael Stipe não se cansa de dizer que "sometimes everything is wrong" e o caminhoneiro continua com a mesma cara, um misto de que acabou de peidar com contemplação de assassinato, seja lá o que isso signifique. Nem lembro o que estou fazendo aqui. Apenas sei que é madrugada.  ...

Esse Meu Doce Matar

Quebrei a cara. Que cara eu sigo? Persigo o curto. O caminho fácil. Qual a graça? Pergunta simples. Sigo errado. Pelo menos, acho. Se acho, Certeza Não tenho. Mas se tenho algo Algo talvez Eu sinta. Analiso E sintetizo O que escapa. Um mapa De fragmentos Descolados na memória Soltos por aí Em ilhas digitais Sem reset Sem delete Sem gilete Sem deleite. Troco um destino Por dois carinhos. Mas tenho Carência? Só aderência De permitir Meu egoísmo. Penso Logo, resisto. Desisto Ao contrário Pois sou  Bem otário Quanto ao sentimento. Queria o inverso Mas serei frio? Não entendo. Compreendo que afasto Todavia é meu erro? Porém, contudo, senão? Quem sabe você Que me abrirá Abrigará aqui Uma resposta acolá. Enquanto isso, Vou ali Sozinho fumar Algo que Pelo menos Me faça sentir, Nem que seja Esse Meu Doce Matar.
Foge. Foge não. Venha. Venha não. Tenha. Tenha não. Queira. Queira não. Ouça. Ouça não. Faça. Faça não. Volte. Volto sim. Beije. Beijo sim. Queira. Quero sim. Faça. Faço sim. Ouça. Ouço sim. Fuja. Fuja não. Não mais. Ame. Amo sim. Odeie. Odeio não. Abrace. Abraço sim. Deixe. Deixo não. Prove. Provo sim. Largue. Largo não. Mais sim.
Para você que flutuou os meus sonhos mais eróticos, em que o mínimo eram as roupas rasgadas, que uma engasgada não significava nada, que uma picada era o lindo em sua bunda. Para você, o amor que me torturou, que me enlouqueceu , que deixou os meus dias em calafrios com o seu não tentar. Para você, o meu pulmão de fumante, o meu corpo de alcoólatra , a minha fraqueza desesperada. Para que você que perfurou, mesmo sem saber. Para você, os meus versos mais belos, mas nunca compostos. Para você, a minha vida com trilha sonora vinda do nórdico, dos instrumentos mais inusitados, das partituras menos clássicas. A você a minha rapsódia em si bemol para Guitar Hero. Para você que me conquistou na primeira letra do verso nada romântico que deixou o meu sangue mais medonho. Para você que me permitiu gostar de você, em sua cama, com a minha língua em cada pedaço do seu corpo, autorizando um adentrar, um gozar e um abraçar. Para você que me ofereceu a melhor orelha para morder com a precisã...