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Bagagens

As malas estão prontas e deixadas perto da porta Não tenha medo do que virá nas próximas horas. Eu sei que temos contradições, mas deixe estar Melhor aproveitar do que ficar com carícia torta. Deixo minha concepção de sentimento em seu retrato Não tenho medo do que virá e lhe digo que saberei suportar. Procuro em outro tempo o consolo enquanto desejo seu abraço Mas as malas estão aí e só você sabe para onde levá-las. Só lhe peço para voltar os seus olhos a si Não se preocupe com o que vai acontecer Viva a intensidade se puder, sem se arrepender do viver A saudade permanecerá caso o que tenha falado seja verdadeiro. Meu dedilhado ao violão não está triste Pois vale qualquer coisa, menos a mentira E como sei que não houve admiro a preocupação Só que despedidas sempre hão de surgir. lsH  
  Eu quero aquele verso torto, todo fodido, rasgado e arregaçado. Aquele que vibra a vida com uma ardência nada categórica, muito alegórica, hiperbólica e cheia de cólera. Algo que fale mal, deliciosamente. Um jorro na cara de lambuzar os olhos lacrimejados. Quero uma canção arrancada do coração, sangrenta, como uma balada que estupra o peito. Venha-me, solte-me e cuspa-me aquela frase gritada, igual uma puta num coito interrompido. Quero o tremular das pernas, o balançar das cadeiras, a quebra da lombar no berro em si bemol. Desejo a gostosura das falácias inconsequentes, da porra quente de uma estúpida masturbação. Também quero o ódio para alimentar meu corpo em fúria, só para que a vazão da marginalidade não me faça esquecer o quanto é bom se sentir assim: em pulso, em nervosismo, em pele, em carne e em cerebelo. Quero extirpar cada silaba com gostosura de framboesa, como uma criança retardada que grita de birra em um supermercado, constrangendo seus pais e seus irmãos. Eu quero...

Simples assim

Você não escolheu o seu corpo. Você era um espermatozoide não pensante e sem emoções, viajou, encontrou o óvulo, fecundou e putz grilis, que merda. Herdou as condições físicas dos seus pais, aceite e um beijo. Mas, você pode modificá-lo, lógico, seja com atividades físicas, boa ou má alimentação, com sedentarismo, pilates, sentado no sofá comendo Ruffles e tomando Fanta ou correndo dos crushs. São dois polos: o corpo perfeito daquele seu amigo do Instagram que você dá likes ou a condição da vida, por preguiça, que te leva a acumular gordura, triglicerídeos e colesterol ruim. De toda a maneira, a nossa relação com o organismo parece que nunca está a contento. Invejo as pessoas bem resolvidas com suas carnes. Desde quando o homem resolveu ser bípede, existe uma relação difícil com a estrutura física. Certos casos, inclusive, podem ser patológicos, como apontou o neurologista Oliver Sacks. Em determinadas situações, as pessoas nem reconhecem seus próprios braços. Fisicamente é uma coisa, ...

Sons

O ouvido alheio Se irrita Na gíria que grita De uma sala qualquer Fica difícil relaxar Na confusão dos sons Que não comunicam Na caixa que pulsa. O convívio que cansa Quando o ruído alcança A distração do fato. Cansei de ignorar Essa repulsa que dança O meu desesperar. lsH - 20 de junho - 20h45

Esse Meu Doce Matar

  Quebrei a cara. Que cara eu sigo? Persigo o curto. O caminho fácil. Qual a graça? Pergunta simples. Sigo errado. Pelo menos, acho. Se acho, Certeza Não tenho. Mas se tenho algo Algo talvez Eu sinta. Analiso E sintetizo O que escapa. Um mapa De fragmentos Descolados na memória Soltos por aí Em ilhas digitais Sem reset Sem delete Sem gilete Sem deleite. Troco um destino Por dois carinhos. Mas tenho Carência? Só aderência De permitir Meu egoísmo. Penso Logo, resisto. Desisto Ao contrário Pois sou Bem otário Quanto ao sentimento. Queria o inverso Mas serei frio? Não entendo. Compreendo que afasto Todavia é meu erro? Porém, contudo, senão? Quem sabe você Que me abrirá Abrigará aqui Uma resposta acolá. Enquanto isso, Vou ali Sozinho fumar Algo que Pelo menos Me faça sentir, Nem que seja Esse Meu Doce Matar. lsH
Eu quero ser o Mefisto para te satanizar. Quero beber o seu chorume para me santificar. Eu quero ser o seu Verlaine a disparar E vê-lo como Rimbaud aos poucos se fechar. Eu quero ser o Bucowski para te marginalizar. Quero ser a Julieta com o veneno a tomar. Eu quero ser o Catulo para em obra te eternizar. Quero como Polifemo em prados a chorar. Eu quero como Castela o seu corpo velar. Eu quero como Garcilaso em poemas te amar. Quero ser o São Francisco de Borja a abandonar Não assumindo a corte para se apaixonar. Eu quero me dar um tiro na têmpora Como Werther quando com Carlota Em nenhum momento pensou em se casar. Quero ser como Ana Karenina a abandonar O próprio filho para um dia se matar. Eu quero ser como Sandokan a lutar Pela pérola de Labuan a se entregar. Quero como Lancelot a se sacrificar Traindo o seu mentor para se casar. Quero como Robin Hood a raptar Para um dia com Lady Marian copular. Eu quero ser a Beatriz a resgatar O Dante que no purgatório ia se esfacelar. Eu quero ...
  Sacríficio coração, desperdício sentimental Fossa em catarse, vento diagonal. Lágrima em transe, perfeição arrebentada Crise de mentira, tira interrogada. Versos soltos, solturas involuntárias Velcro indefinido, beijo interrompido. Poluição amorosa, dengosa solitude Altitude interminável, queda paixonite. Verborrágico cantar, cheirada afetuosa Nariz em giz, pó destruído. Heroína nua, pelo em corpo. Olhos cerrados, coração em vida. Poesia fechada, querer aberto! lsH