Pular para o conteúdo principal

Entre xícaras de café e cigarros

As cenas são bem parecidas com as do filme de Jim Jarmusch, “Sobre Cafés e Cigarros”. Ambiente esfumaçado, uma conversa fiada sobre o nada, sobre o tudo (sobretudo), barulhos de colheres em xícaras de porcelana. E tragadas, várias e profundas tragadas de causar orgasmos. Ela só queria uma desculpa para sair no inóspito ambiente de trabalho. Convidou sua colega e foram para uma cafeteria/bar que ficava na esquina.
Duas mulheres lindas. Ambas morenas. Decoradora e desenhista, respectivamente. O café acompanha o desenrolar de suas falas. Uma quer saber se o absorvente está marcando. A outra precisa descolar uma transa em menos de 24 horas, do contrário terá um ataque epilético. Uma incomodada e uma ninfomaníaca. Duas balzaquianas.
Eleanor e Tarsila são mulheres que hoje são vendidas como padrão. Independentes, bonitas, profissionais, bem humoradas e solteiras. Trabalham no mesmo escritório de arquitetura, localizado em uma rua qualquer de um prédio que não lembra coisa alguma.
Saíram para tomar um café. E fumar. Eleanor começa a falar sobre o novo disco do Los Hermanos, uma banda que ela gosta muito, sobretudo a canção “Horizonte Distante”. Tarsila não dá muita atenção, prefere ficar observando os braços do atendente da cafeteria/bar. Provoca um pouco de charme, deixa escapar a sensualidade e morde os lábios. Pronto. Quando uma mulher morde os lábios e te olha, isso é um sinal para algo mais. Muito mais. Eleanor percebe o desespero da colega. Sem qualquer cerimônia de missa de sétimo dia, pergunta se Tarsila não quer uma rapidinha no banheiro. Uma siririca.
Calmamente, as duas vão ao banheiro e se satisfazem. Elas são assim, independentes, bonitas, profissionais, bem humoradas e solteiras. E objetivas.Voltam ao trabalho e tudo retorna ao normal. Uma realizada e a outra com novo absorvente. Nossa.

Postagens mais visitadas deste blog

Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.