Pular para o conteúdo principal

Os meus beijos mais sinceros

O calor está derretendo o pouco que sobrou da minha lembrança mais triste. Ainda bem que te encontrei. Foi culpa da areia do mar que soprou em meus olhos um sonho com você. Estou ficando brega, declarando exacerbadamente o amor que deixei a frente de 400 quilômetros. A canção mais melosa e irritantemente apaixonada não sai do som. É a faixa sete daquele disco, de um cantor que eu sempre gostei, assim como a subjetividade que me invade. Não importa. Eu ainda posso te ver na lembrança daquele vestido azul que rodopiava e balançava até os pederastas. Continuo dizendo: ainda bem que te encontrei.
Quando você veio me oferecendo bebida, eu não neguei. Bebi a última gota. Então, eu te olhei. Você sorriu. Eu procurei. Você também. Eu te beijei. E você seguiu. A hora mais longa ficou mais curta e devorou o destino traçado pelo acaso da sua boca de lábios rachados. Mesmo assim, belamente provocantes. Não sei se você está entendendo o sentimento confuso e ampliado, mas os insetos que me causam ânsia estão no meu estômago. Não se preocupe, não foi você que os colocou. Foi a incerteza que me causou. E agora, ainda longe te vejo perto e te procuro quando perco o olhar no vazio. Acendo um cigarro. Bebo um teco. E encontro você. Realmente, estou ficando muito, mas muito brega. Está escorrendo pela tela no computador, não está vendo? Como isso foi acontecer? Me explica!!!! E isso que somente escutei o seu canto.
No mais, gira o mundo no avesso dos meses, tento emocionar o diabo e vou matando um filme por dia. Os registros ainda são importantes. E assim mesmo eu voltei, para meu próprio desespero e para a sua incerteza. Eu vou, ainda vou contigo. Não se esqueça. Agora leia isso aqui rápido, pois já irei tirar do meu about me.
Não tento mais me descrever. É algo complicado. Quando acredito que cheguei a algum estágio evolutivo, ocorre um retrocesso e o sucesso garantido pára no fundo do copo de veneno. É claro que depois eu entorto e retorno ao desencontro do caminho. Mas, como na vida muitas coisas são dilemas, vou viver os meus. No mais, a Fiona Apple continua em sua mais bela companhia, sussurando poesia e dedilhando canções no piano. Minha amante perdida nas distâncias isoladas continua a procura pela resposta tão banal, quanto bela. Sim, eu a amo. E os livros vão tomando lugar na estante empoeirada. Proliferação de ácaros subversivos para as narinas mais sensíveis. Coisa de preguiçoso na ociosidade metafórica do dia-a-dia. Mais um ano vem chegando e devorando o tempo da desgraça. Quem sabe seja diferente, como alguma canção do Elliot Smith. Ou tenha beleza e idiossincrasia, como qualquer película do Bertolucci. Pensando no pior, pode ser a mesma coisa que continua e prossegue no ar que vai corroendo os pulmões. O Ministério da Saúde sempre adverte, mas a felicidade não se compra em lojas de conveniência. Nem é hit radiofônico. As canções sobre a tristeza vendem mais, geram mais, regam mais. É uma pena. E continua a laterna dos afogados incompreendidos nas horas mais imprecisas da precisão da incerteza. E não se esqueça, eu ainda te amo.

Postagens mais visitadas deste blog

Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.