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Projeto: ações de sobrevivência

As ações que ditam o cotidiano têm se tornado, com o passar dos tempos, cada vez mais reduntantes e pragmáticas, causando um nojo estratosférico nas pessoas que ainda possuem carne no coração. Ou melhor, naquelas que ainda possuem um coração, órgão cada vez mais insignificante que está mutável às intempéries da sobrevivência. Muitos permanecem no silêncio de ridícula beleza retorcida ao invés de dar vazão aos sentimentos. A ignorância rege as regras do caótico e turbulento mundo capitalista. Se fosse socialista, seria pior.
A disputa acirrada a complementos financeiros e materiais descaracteriza os indivíduos que um dia tinham algo importante a dizer. Hoje estão escondidos em seus laptops de última geração aprimorada e fabricada em massa em cidades chinesas. Em seus ouvidos estão acoplados celulares que tiram foto, acessam a internet, tocam música, possuem agenda eletrônica e até fazem ligações. O digital impera de maneira tão sofisticada nos seres modernos que muitos pensam ter saído de uma revolução tecnológica que os programaram para ser assim: ágil. Outros confundem isso com inteligência, mas o engano e o erro temporário também fazem parte da dinastia necrófila do poder.
A placa de memória é garantida em bons cérebros que carecem de afeto. Um sorriso qualquer pode ser simples efeito de Photoshop. A amizade agora é questão de respeito falsificado em um Paraguai de possibilidades que favorece o mais esperto. Parasitas informacionais multiplicam-se conforme os dados são jogados na mesa, um tabuleiro de sorte e azar recarrega a vontade de hibernar para não ver as desgraças aflorarem. Geralmente o jogador tem um dardo cravado no olho.
A falta de calor é repugnante em dias de gelo cibernético. Um baixo frio vendido em prestações desconsideradas. Um "lost song" para embalar o programa ainda não desenvolvido, que virá para salvar a mais nova alma desenhada com louvor. O futuro pertence à rudez que muitas considerarão vitória libertária.

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Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about. 

Os meus beijos mais sinceros

O calor está derretendo o pouco que sobrou da minha lembrança mais triste. Ainda bem que te encontrei. Foi culpa da areia do mar que soprou em meus olhos um sonho com você. Estou ficando brega, declarando exacerbadamente o amor que deixei a frente de 400 quilômetros. A canção mais melosa e irritantemente apaixonada não sai do som. É a faixa sete daquele disco, de um cantor que eu sempre gostei, assim como a subjetividade que me invade. Não importa. Eu ainda posso te ver na lembrança daquele vestido azul que rodopiava e balançava até os pederastas. Continuo dizendo: ainda bem que te encontrei. Quando você veio me oferecendo bebida, eu não neguei. Bebi a última gota. Então, eu te olhei. Você sorriu. Eu procurei. Você também. Eu te beijei. E você seguiu. A hora mais longa ficou mais curta e devorou o destino traçado pelo acaso da sua boca de lábios rachados. Mesmo assim, belamente provocantes. Não sei se você está entendendo o sentimento confuso e ampliado, mas os insetos que me causam ân...

Imaginando...

Um copo de conhaque acompanhado de uma tosse chata. A voz rouca por causa dos muitos cigarros e do exagero da noite passada. A meia-luz serve de distração para o inseto que nem percebe a sua real insignificância. A janela um pouco aberta. Apesar do frio, muito odor no quarto de um prédio de classe-média. A fumaça vai bailando encontrando o ar da rua que insiste em ser a veia dos poluentes mecânicos. Acho que estou com um pouco de febre, sei lá. O bicho na lâmpada está começando a me incomodar. Logo esqueço. Leonard Cohen amortece os meus tímpanos e eu, em transe, me transporto para um campo de aveia. Fecho os olhos. Estou correndo sem direção alguma, só sentindo o vento morno adentrando os meus poros faciais. Sigo como um alucinado acreditando ser o humano mais feliz do mundo somente por causa do sol em meus lábios. O azul do céu é de um absurdo tão belo que praticamente esqueço que existem outras cores. O bardo canadense continua embalando, satisfazendo a minha sensação única de l...