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Semana passada

Bate a insônia no corpo estremecido pelo abalo sísmico que ainda nem surgiu. Um prelúdio inexistente de paixão e derrota. O sentimento asco impregnado na memória desconcertada de esquecimentos garantidos. Um bocejo alcança proporções homéricas enquanto um som desconhecido corrompe o tímpano. O órgão ilustre do ouvido não agüenta e sangra. O arroto sônico explodiu em catarse os outros componentes da audição. O corpo se deixa vencer pelo sono.
Viaja pela escala musical das peripécias radiofônicas que cospem porcarias nojentas de verborragia e escárnio. Um catarro se esvazia em um momento de pretensão estratosférica. O espirro sonoro é ouvido a dezesseis quadras dali. Trata-se de um sonho ridículo de sucesso fabricado por industriais capitalistas que vendem materiais descartáveis. Realmente, a adolescência não passa de uma jogada publicitária. O enlatado da próxima semana estará no SBT, avaliado por produtores engraçados com sotaques díspares.
É o inferno previsto e estudado por Adorno. Como os intelectuais não evitaram isso? Nem poderiam, eles só opinam, não agem. Sartre pode ter comido algumas acadêmicas, mas era Bevouir quem realizava o intermédio. O lesbianismo tem suas razões. De qualquer forma ele pode se encontrar agora, no homossexualismo planfetário que alguns procuram vender. Os mais espertos ignoram o produto. A música extrapola certas barreiras contestadoras que devem cair do abismo da repreensão.
Mesmo assim o ouvido ainda está escancarado em feridas que dificilmente irão cicatrizar. O mercúrio cromo das possibilidades saudáveis foi proibido em uma reunião que contou com a participação de jornalistas e políticos corrompidos. Agora eles vendem matérias sensacionalistas aos meios alvejados pela crítica. Os intelectuais não passam de criaturas medonhas que sobreviveram a maior parte de suas vidas no pó. O ópio também era presente.Chegada a secreção involuntária que agora se forma ao redor da entrada do ouvido, um grito agudo acorda o corpo estremecido pelo abalo sísmico que ainda não surgiu. O sonho é interrompido por atrozes desvaneios característicos de folhetins. A vida real é ainda mais idiota do que a semana passada.

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Alguém me disse que uma das melhores coisas para se esquecer um amor é escrevendo sobre ele, analisando os fatos. Não sei dizer se isso é verdade, mas sei que dói. Tenho quase 30 anos e já tive desilusões amorosas e confesso: as outras foram mais fáceis. Certa vez um amigo comentou que só existe um grande amor na vida. E eu passei a acreditar nisso. Muitos profissionais dessa área, afinal, praticar o amor é viver em sofrimento e dedicação trabalhista, procuram no bar mais próximo o método para esquecer o momento do rompimento. Eu não tive essa oportunidade, pois o bar mais próximo era muito, mas muito longe. O detalhe é que o rompimento aconteceu na casa da pessoa que até então se declarava, que dizia: depois de tudo o que passamos, terminarmos seria um erro. Puta merda! Tem ideia de como me sinto quando lembro dessa frase? Quando isso acontece, logo me vem à cabeça os bens materiais. Por que gastei? Para que comprar um perfume tão caro? Para reconquistar? Sim, e olha no que deu. E a c...