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Mostrando postagens de maio, 2006

Ela quer a continuação do beijo

Um retorno garantido pela parte financeira que lhe propôs. Nada mau para uma noite de quinta-feira, geralmente subestimada devida à véspera que ela herda. Trata-se da sexta-feira, dia mais lucrativo para as garotas que exibem as suas qualidades em pedaços sumários de panos. Quando ela retornou ao seu ponto, não conseguiu esquecer o beijo. O sabor destacado do batom ainda invadia com satisfação a lembrança. Procurou a outra entre as ruas escuras do bairro. Não sabia o seu nome, nem recordou como tudo aconteceu. Apenas desejava mais um toque labial. Percorreu por horas as calçadas irregulares, muitas com corpos narcóticos jogados como se tivessem sido abandonados por suas almas. Em algumas vezes, ela tropeçava neles com seu salto 15-momentos-de-altura-garantida-que-já-matou-um-nefasto-homem-que-fodeu-e-não-quis-pagar. Ela ficou muito puta e cravou a ponta agulha na cabeça do infeliz. A meretriz perdeu as cadeiras. Logo após o acontecido, se sentiu orgulhosa. Afinal, ela nunca tinha matad...

Beijo

Um beijo confuso. Molhado. Quente. Ardente. Propositalmente acontecido, acompanhado de um roçar lento de narizes. Situação orgástica. O lábio deslizava pelo queixo e o rosto áspero procurava o carinho da mão. Os olhos úmidos cruzavam visões com ângulos fechados. Os dedos tinham cheiro de fumaça, de uísque, de grama cortada, de sangue. As unhas borradas eram escárnios, de uma rudeza completamente bela. A maquiagem torta estava apanhada. Havia uma escuridão nos cílios que causava uma vontade doentia de iluminá-los. A boca era de um desenho estranho, quase cubista, mas que se encaixava perfeitamente. O toque lento por vezes ficava afoito. A respiração lenta acertava os póros que rebatiam novamente o ar. A pele morena ganhava proporções de pintura perfeita enquanto as luzes dos carros refletiam na tez. Após o beijo que pareceu um canto dissonante de elfos clamando alegria, o mundo começou a ser um lugar bonito. A brisa da noite tinha aroma de baunilha. O silêncio se fez presente. Apenas um...

Falas Cortadas

Um triste Olhar Enquanto o sono Vadio Vinha buscar A atenção vazia Do seu amar. Conversa em crise Em calados momentos Mortos em gritos De exatos tormentos Recriados ao lado Do puro jogado Desejo obsceno Não realizado. Vontades Contadas Em sono Ausente Que agora se esvai Em profundo soluço Sentido presente Nas falas cortadas. L.S. Handa

Repugnante Tormento

Remete uma canção Na dor mais antiga Da eterna paixão Pelo pó que levantou. A lágrima absurda Ecoa surda no berro Da repugnante tradição. Há tiros na escuridão E silêncio na infância Que insiste em se perder No tempo da conclusão. Sopra no barro um remorso Causado pelo tempo. Socorre ao álcool Um pouco mais de lamento. A lágrima absurda Ecoa surda no grito De repugnante tormento. L.S. Handa
Pirotecnia acertando os olhos cor de jambo, enquanto o último raio solar acerta o coágulo de pensamento que evapora com o álcool. Passa pelo lado errôneo da superficial vida que ela entrega em sorriso. Deixa-se bela em uma imagem guardada em um porta-retrato comprado em liqüidação. Evapora em meio a neblina que cega a visão sedenta por coragem. Mas desiste quando uma canção estraçalha a vontade de ganhar. Ainda corre através do tempo um sentimento antigo com desejos camuflados. A pele demonstra a situação e a boca sela os segredos oportunos que não serão vomitados. Uma perfeita contradição explode junto ao peito que emite um ruído quase agudo, que até os surdos entenderiam. Mas aqueles que não preferem ouvir ficam mesmo na discrepância. Afeto por afeto, ela se satisfaz em solidão.Carrega em si um desafio tosco, enfeitado pela publicidade que fere a imaginação deturpada. Fala de felicidade alheia e esquece a sua. Perde-se na memória, tornando-se mártir esquecido. Isso é a vida.

Um Outro a Voltar

Venha vazar O desejo Junto ao veneno Que ameno Escorre pela boca Alcance o sentimento Do momento Que desconcerta Quando programado Esqueça o amanhã Se o agora É o que importa Revolte o avesso Em compasso Que se abre E permite o encaixe Deixe por enquanto O acontecer se formar Quem sabe depois Volte a repetir. L.S. Handa

Presente

Cometemos erros (grotescos) Cometemos excessos Alimentamos fracassos. Praticamos deslizes Dedicamos fiascos Rompemos acasos Fizemos sucesso/ Alimentamos angustias. Dizimamos o amor/ Cometemos o ódio/ Comentamos o descanso. LEMOS TORTURAS/ AJOELHAMOS NO ALTAR Praticamos pecados Ignoramos recados Mastigamos hóstias Fizemos a doçura. COMEMOS O AMARGO/ RASGAMOS MANDAMENTOS MATAMOS ILUSÕES/ SORRIMOS A TRISTEZA tOCAMOS o FIM vomiTAMOS A PUreza. L.S. Handa

De leve

De leve um sono bate. Leve em termos corretos. Levemente aflito, também. Levando em conta o horário que mais tarde fica. Além do mais, leve em consideração o transtorno do momento. Um tic tac feroz arrebenta com o tímpano. Ele sangra. Jorra o líquido vital pelas veias rompidas. O carro ainda está em exposição: destroçado. O tempo passa. Novamente, tic tac, tic tac, tic tac. O relógio na parede da sala de espera não se cansa. O pensamento amigo não cria verdades positivas. A angústia aumenta. O tormento bate. Tic tac, tic tac. O coração aflito bate freqüente. Mais tic tac. Uma vontade de dar um tiro certeiro no relógio. Procura um sofá. Recolhe o rosto. Pensa no pior. Um médico chega. Notícias ruins. Notícias terríveis. Lágrimas em instantes. O sono se perde no leve passar das horas que agora parecem não existir. A existência em um adeus, seco, pálido, triste. Procura o telefone para a ligação mortífera. Chora. Deixa-se em desespero. Sofre. Escorre pela parede o corpo que ele encostou. ...

EMO, nada de CORE, apenas EMO

Está difícil. A cada filme, um novo tombo. Imagens certeiras que cegam, derrubam, estraçalham a córnea. O corpo se ergue no respiro, no momento da pausa. Tudo em vão. O mais recente chute no saco – sem direito a auto-defesa – foi “Punch-Drunk Love”, do idiossincrático Paul Thomas Anderson, esposo de outra estranheza conhecida pela alcunha de Fiona Apple (cantora e compositora). Ambos, talvez, formem um dos casais com mais influências mancebas idealistas que já se formaram na Terra. Por mais que as conseqüências veteranas estejam presentes na vida artísticas dos dois. Somente para reforçar, sim, eles são casados. Tanto Paul quanto Fiona já deixaram registrados seus clássicos, em suas devidas áreas de atuações. O primeiro realizou um dos filmes mais admirados na recente história do cinema. “Magnólia”, com Tom Cruise e Juliane Moore, conquistou os cinéfilos de plantão com um emaranhado conjunto de histórias que se desdobram no final. Por dizer de Fiona, a moça debutou no mercado musical c...

Sleep tonight

No revés de um ato mal calculado, levanta em claves de sol um disparo afoito de lágrimas. Ecoa no momento surdo que não acalma, com os olhos repletos de remela carbonizada pelo fogo do cigarro. Empunha a guitarra e tenta buscar acordes dissonantes não existentes. Na realidade, desconcerta apenas o sono que não chega. Desiste. Passa, então, a buscar a companhia dos heróis encartados em Cds. Um pouco de Mophine é capaz de ajudar. “The Night” e “Cure of Pain”, clássicos injetados no tímpano para auxiliar na reflexão sincera sobre as conseqüências do viver. O sax barítono presente no decorrer dos dois álbuns amortece o sentimento. Coisa fina. Para desandar mais ainda na melancolia, “UP”, do R.E.M. Depressão eletrônica de primeira estirpe. Agora lágrimas molham o travesseiro. O sono esboça um início. Nada chega, apenas rabiscos traçados tortos com precisão de bêbado. Um outro som vem a calhar. “The Man Who”, segundo e definitivo trabalho dos escoceses do Travis. A faixa 5 remete a uma calma...

Ciao

22h58. Não dá para acreditar, mas um canção da Courtney Love me emociona. "Never Gonna be The Same". Particularmente incrível a sensibilidade da canção. É claro que nem todos vão ter esse mesmo sentimento. Ainda bem. Eu sou muito egocêntrico por certas coisas. E abro o peito para levar tiro. Quem quiser disparar que faça o favor de acertar. De mira errada já basta os trabalhadores dos casebres, verdadeiros caolhos ou míopes de razão. 23h02. Sandman está jogando areia em meus olhos. Eles agüentam mais um pouco. Só mais uma canção. Afinal, o feriado prolongado está acabando. Mais uma tragada em respeito ao gosto de ressaca que permitirá manter-se no decorrer dos dias que passarão arrastados, como aqueles que se entregaram às ideologias paradas. Alías, muitas compradas em comunidades pelo Orkut. O efêmero é arma de munições consideráveis. Chega a dar nojo de alguns seres. 23h05. Persiste. Uma mosca passa em frente ao monitor. Ela também está com sono, está bem zonza. Pronto. Ago...