Pular para o conteúdo principal

EMO, nada de CORE, apenas EMO

Está difícil. A cada filme, um novo tombo. Imagens certeiras que cegam, derrubam, estraçalham a córnea. O corpo se ergue no respiro, no momento da pausa. Tudo em vão. O mais recente chute no saco – sem direito a auto-defesa – foi “Punch-Drunk Love”, do idiossincrático Paul Thomas Anderson, esposo de outra estranheza conhecida pela alcunha de Fiona Apple (cantora e compositora). Ambos, talvez, formem um dos casais com mais influências mancebas idealistas que já se formaram na Terra. Por mais que as conseqüências veteranas estejam presentes na vida artísticas dos dois. Somente para reforçar, sim, eles são casados.
Tanto Paul quanto Fiona já deixaram registrados seus clássicos, em suas devidas áreas de atuações. O primeiro realizou um dos filmes mais admirados na recente história do cinema. “Magnólia”, com Tom Cruise e Juliane Moore, conquistou os cinéfilos de plantão com um emaranhado conjunto de histórias que se desdobram no final. Por dizer de Fiona, a moça debutou no mercado musical com o álbum “Tidal”, em uma época em que compositoras como Alanis Morissette ditavam as regras. Sub-produtos influenciados por Joni Mitchell e Tori Amos, mas com resquícios de consistência aptos a encorpar o saboroso caldo do mundo pop alternativo. “Criminal” foi a canção carro-chefe que levou Fiona a outra audiência. Logo após, pariu o elevado “When the Pawn...” (o resto do título não poderá ser fornecido, do contrário este texto ficará ligeiramente longo: demasiado).
O álbum apresenta em grande inspiração a compositora desbravando letras com apelos extra-sentimentais, onde a primeira pessoa, o “eu”, aparece em muitos inícios, meios e finais de frases. “Minha linda boca vai emoldurar as frases que irão contestar a sua fé no homem”, destila Fiona em determinada parte do álbum, que é melhor ficar assim mesmo, subtendida.
Retornando ao chute no saco, “Punch-Drunk Love” derruba, desconcerta, destrói. Do início ao fim. É um daqueles filmes que te prende pela necessidade de se transportar no personagem principal, sem fundamento algum. A pretensão existe, de fato, mas desnorteia até o momento em que os caracteres sobem. Você não entende, se esforça para buscar a mensagem, fica perdido. Mas no fim das contas, se emociona. E é assim que acontece quando se ouve Fiona Apple, qualquer álbum dos três que ela lançou. Algo também parecido com o que acontece nos adolescentes, sempre com problemas nem sempre entendidos, sem razão real de fundamento que acabam emocionando, por vezes, o eleitorado.
A cada novo filme descoberto na prateleira da locadora, excluindo os blockbusters que chegam aos pacotes, um tombo freqüente acontece. As referências estão ficando cada vez mais complicadas, perdendo o caminho. Nada importa, a perdição sempre se fez presente mesmo. Difícil é entender, como Paul e Fiona. Mas emociona.

Postagens mais visitadas deste blog

Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.