Pular para o conteúdo principal

Que pena


O calor está derretendo os tímpanos. Aos poucos, a surdez precisa do verão vai aparecendo na costumeira temperatura que incomoda. E isso assola os sentimentos. Infelizmente, como naquela canção, não tem como deixá-lo para mais tarde. Se uma praia se fizesse presente, aí sim, não precisaria atrasá-lo.

É muito suor em pouco empenho.

Mas, o lado bom são as costumeiras curvas que aparecem deliciosamente em retratos de cerveja. Ou seja, cerveja. Tanto faz, pode ser no bar da boa, na eterna e dolorida questão de não realizar os desejos ou no namoro com algum garoto propaganda, onde uma atriz sela o pacto da paixão. O certo é o calor causando furor na imperfeição bela da estação. "E ninguém dirá que é tarde demais, que é tão diferente assim, o nosso amor, a gente é quem sabe, pequena". A citação não se refere ao deixar o verão, ficamos então, para o último romance.

A temperatura encrava na pele um desgosto ambíguo, de felicidade e tristeza. Por vezes impera a moleza da pressão baixa que volta a subir quando chega a noite com a sua brisa morna. Dormir se torna um perene, um desafio, uma claustrofobia. Não há como embeber. Embebido pano com água gelada. Embebido coração em fiapos de carne ao molho de sangue de touro. Embebidos lábios de loiras geladas e plastificadas. Embebida solução cibernética de alento casual, seja lá o que isso queira dizer. O calor afeta o cérebro. O calor congela e trava o cérebro. É o desgosto ambíguo encravado na pele, mais precisamente, no couro cabeludo sem proteção devida.

"Se dessa vez, ela é senhora desse amor, pois vá embora, por favor/ E não demora pra essa dor, sangrar".

A surdez está terrível. A solução é criar um banco de sons na memória enquanto posso ouvir. Começo, então, por Los Hermanos.

Já que não posso deixar o verão para mais tarde. Que pena. Ou seria, pequena?

Postagens mais visitadas deste blog

Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.

Ah! Que pena Radiophonics

- Pai, o que você vai me dar de presente de Natal? Perguntou o menino de 12 anos de idade. O benfeitor, todo preocupado em dar uma resposta aceitável, engasgou na falada e tropeçou na dicção. Mas disse, por fim, que pretendia adquirir a bolachinha sônica da Radiophonics. Na hora, o guri esbravejou:- Dois olhos, EULÁLIA!!!!! Um sorriso se fez presente no rosto do pai.O tempo passou e o menino soube através de comentários de seu irmão mais velho que a banda tinha terminado as suas atividades. Os membros do grupo, cada qual, seguiria por estradas, talvez, paralelas. De tanto ouvir “Eulália” nas rádios, os ouvidos do guri desenvolveram aguçados sentidos. Ele sabia de cor os acordes da canção. Já tinha decorado as linhas de baixo e as precisas viradas da bateria. Inevitável a tristeza ao saber sobre o fim da Radiophonics.O pai, que tinha lido o release no site da banda, estava crente de que compraria o CD da rapaziada. Ele também ficou desapontado. Afinal, o que levaria um grupo com previst...