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Que pena


O calor está derretendo os tímpanos. Aos poucos, a surdez precisa do verão vai aparecendo na costumeira temperatura que incomoda. E isso assola os sentimentos. Infelizmente, como naquela canção, não tem como deixá-lo para mais tarde. Se uma praia se fizesse presente, aí sim, não precisaria atrasá-lo.

É muito suor em pouco empenho.

Mas, o lado bom são as costumeiras curvas que aparecem deliciosamente em retratos de cerveja. Ou seja, cerveja. Tanto faz, pode ser no bar da boa, na eterna e dolorida questão de não realizar os desejos ou no namoro com algum garoto propaganda, onde uma atriz sela o pacto da paixão. O certo é o calor causando furor na imperfeição bela da estação. "E ninguém dirá que é tarde demais, que é tão diferente assim, o nosso amor, a gente é quem sabe, pequena". A citação não se refere ao deixar o verão, ficamos então, para o último romance.

A temperatura encrava na pele um desgosto ambíguo, de felicidade e tristeza. Por vezes impera a moleza da pressão baixa que volta a subir quando chega a noite com a sua brisa morna. Dormir se torna um perene, um desafio, uma claustrofobia. Não há como embeber. Embebido pano com água gelada. Embebido coração em fiapos de carne ao molho de sangue de touro. Embebidos lábios de loiras geladas e plastificadas. Embebida solução cibernética de alento casual, seja lá o que isso queira dizer. O calor afeta o cérebro. O calor congela e trava o cérebro. É o desgosto ambíguo encravado na pele, mais precisamente, no couro cabeludo sem proteção devida.

"Se dessa vez, ela é senhora desse amor, pois vá embora, por favor/ E não demora pra essa dor, sangrar".

A surdez está terrível. A solução é criar um banco de sons na memória enquanto posso ouvir. Começo, então, por Los Hermanos.

Já que não posso deixar o verão para mais tarde. Que pena. Ou seria, pequena?

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