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A Carta de Pero Vaz de Caminha

Como são engraçadas algumas situações do cotidiano, sobretudo em momentos de definições políticas. O mais atual pilhérico em questão é a cobrança e reivindicação que os políticos solicitam aos outros políticos. Tudo em prol – é lógico – da população.
Os itens de exigências podem ser conferidos, pelo menos os da região Sudoeste do Paraná, através da Carta do Sudoeste e, recentemente, na Carta de Pato Branco. Aliás, essas “Cartas” têm se mostrado meios eficazes para apresentar os anseios da localidade, resumindo em um geral as pretensões do perímetro sudoestino. Ambas as propostas são parecidas e tentam mostrar a situação da região.
No caso da Carta do Sudoeste, o chamariz é o municipalismo e desenvolvimento regional, projeto desenvolvido pela Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop). Se as situações estratosféricas de olhares sinuosos enxergassem melhor sem a costumeira miopia, não seria necessário desenvolver um artifício dessa espécie em favor da região. Óbvio que o Sudoeste é esquecido. Por muitos é considerada a mais pobre e desprovida região do Paraná. E olha que a terra produz 5,5% do Produto Interno Bruto paranaense. Mas, caso fosse vista com o real potencial que possui, a situação poderia ser mais favorável.
Qualquer setor da administração se preocupa com os detalhes para que o todo seja redondo; que o desenvolvimento seja alcançado de maneira sagaz. E são esses detalhes que ainda emperram os joguetes praticáveis. O Sudoeste não possui ramal ferroviário. As rodovias necessitam, urgentemente, de modernização estrutural. A Estrada do Colono se tornou uma novela tão melodramática que poderia servir de enredo a qualquer folhetim mexicano, com direito a par romântico a fim de chamar a atenção do eleitorado. A agricultura é tão forte que está causando problemas até nas ações das intempéries que, por puro ciúme, já prejudicou inúmeras colheitas. O produtor rural vai se perdendo nas indefinições do sol, da chuva, do vento e do granizo, além das costumeiras promessas políticas.
A Carta do Sudoeste está procurando salvar certas questões que aos poucos enfraquecem os municípios dessas plagas. Alguns ficam isolados como se fossem ilhas sem mar e sem água, já que a estiagem deste ano causou transtornos indeléveis. Ela também mostra como está a situação da região, como Pero Vaz de Caminha fez ao descrever os contornos e aspectos brasileiros ao Rei Manuel.
Em metáfora à Carta de Pero, os municípios do Sudoeste, aos poucos, realmente estão com as feições pardas, nem tão avermelhadas assim. Os rostos e narizes não estão bons no momento, mas hoje em dia existe cirurgia plástica. Alguns andam nus, por falta de verba. Nem mais fazem caso de encobrir suas vergonhas. “Acerca disso são de grande inocência”(?). Os cabelos estão corredios. Eles andam tosquiados, “de tosquia alta, mais que de sobre-pente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas”.
As situações do cotidiano continuam engraçadas, uma pena acontecer somente em momentos de definições políticas. Em todo caso, Pero Vaz de Caminha pode auxiliar.
Leonardo Handa - Jornalista

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