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Palavra bonita

Existem tantas pesquisas desnecessárias realizadas pelo mundo afora que muitas beiram o enfadonho. As perguntas também são tão idiotas quanto o assunto pesquisado. Distorcendo as frases em questão aqui apresentadas, certa vez, na Inglaterra, foi realizada uma pesquisa com os ingleses a respeito da palavra mais bonita do país. Os indivíduos daquele país elegeram "mother" como a vencedora. Na ocasião, mais de 40 mil pessoas foram entrevistadas.
De acordo com a pesquisa, além de "mother" (mãe), os súditos da rainha Elizabeth também apontaram "passion" (paixão), "smile" (sorriso), "love" (amor) e "eternity" (eternidade) como palavras bonitas. Curiosamente, "father" (pai) nem sequer foi mencionada. Ela deu lugar a outras mais peculiares, como "peekaboo" (esconde-esconde), "flabbergasted" (espantado) e "hen night" (despedida de solteiro, detalhe, somente para mulheres).
Aqui no Brasil, pelo menos até o que consta na pesquisa minusiosa realizada pelo Google, nenhuma pesquisa dessa espécie foi organizada. Até porque, poucos são os tupiniquins que realmente conhecem as palavras mais bonitas do próprio idioma. A certeza mais certa (desculpe a redundância) na indicação da TOP 10 seria B-U-N-D-A. Ou então, em épocas políticas, sanguessuga, vampiro, dossiê e "eu não sabia" seriam as que se destacassem. Tudo bem, o último exemplo é uma frase, mas, no atual contexto, poderia se encaixar como palavra.
De todas, na minha humilde opinião de jornalista perdido na selva dos profissionais descolados, acredito muito na sonoridade de "arquétipo". Esta palavra é tão composta, forte e sônica. Como é lindo ler em algum lugar coisas do tipo: "arquétipos de Jung", "arquétipos de Nietzsche", "arquétipos de uma mão de quatro dedos". Simples, claro, dissonante. E, para quem não sabe, arquétipo quer dizer: modelo, padrão.
Voltando à pesquisa inglesa, "mother" é um arquétipo. Quem não idolatra a sua mãe como um padrão inquestionável de saber, amor, paixão, sorriso e eternidade? Até as mães alcóolatras possuem as suas qualidades. O Lula saiu de uma mulher, com certeza. E, que por sua vez, é claro, era uma mulher. Se bem que alguns acham que ele é filho de uma jumenta. Mas isso é maldade demais. Antes um ser aquático do que um vegetal. Chuchu é um vegetal, né? Espero que sim. E, espero, que não seja um arquétipo. São Paulo já sofreu demais.

Leonardo Handa - jornalista

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