Pular para o conteúdo principal

Manga

Frases mais azuis nesse caderno cinza. O lembrar de uma época te deixou mais sensível. Impossível não perceber isso em seus olhos castanhos, em sua tez morena, em seus finos lábios. Os versos ficaram mais positivos, a morte deu um tempo. A caligrafia ficou mais legível, as poesias mais coloridas, os desenhos mais festivos. Os assuntos mudaram. A tristeza padeceu. O contento apareceu.
Como é lindo quando percebemos que o mar também tem momentos de calmaria, que o marinheiro nem sempre é só, que a maresia ainda possui perfume. Nem sempre conseguimos tudo de imediato, por mais que batalhas contenham derrotas, do contrário, vitórias não existiriam. Como é bom alcançar um objetivo, mesmo que de repente ele apareça sem que tenha passado pelo caminho das pedras. Às vezes a facilidade se resume à sorte. Pessoas já encontraram bilhetes premiados em latas de lixo.
O preto pediu licença, entrou na fila do INSS. A alegria encontrou um emprego. Tudo bem que ela trabalha aos sábados, mas apenas de manhã. A tarde toda está livre para as canções, para as leituras, para as conversas, para as cervejas e para os filmes. O último foi sobre encontros e desencontros com trilha de um compositor alternativo morto no início da década. Havia tristeza no longa-metragem, porém, a mensagem deixava um sabor de manga: doce com fiapos.
A recente poesia composta mostrava a atual situação, o viver de um tempo aberto à possibilidades. Havia o coração jorrando bons sentimentos. Havia alma, finalmente. Havia o caminhar torto se tornando feio, ficando horrível, mas terminando belo. Era bonito.
Agora é deixar o passado justamente em seu lugar, respirar a possibilidade disponível, aproveitar o sobreviver. Cada frase registrará. Espero que com palavras mais azuis.

Postagens mais visitadas deste blog

Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.