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Aos antigos

Houve uma época em que eu acreditava na amizade eterna, como as canções do Milton Nascimento da década de 1970. Mas nunca é fácil deparar com uma realidade que muda em uma freqüência alucinante.
As emoções são mutantes.
Quem sabe, em um futuro próspero, as coisas se aproximem. Nada será como antes, eu sei. Só espero que seja apenas dois porcento do que já foi.
Muitos pensamentos percorreram ao rever o primeiro episódio da minissérie da Rede Globo, "Queridos Amigos". Com o texto sagaz e esperto de Maria Adelaide Amaral, o entretenimento pode causar arrepios nos mais sentimentais, nos mais saudosistas. Claro que me encontro nesse grupo, aqueles que reverenciam o passado e o lembram em formas de histórias com finais felizes e infelizes.
A abertura do drama mencionado conta com uma canção do Milton, que, por coincidência, se chama "Nada Será Como Antes". Perfeita. Composta na melhor década da safra mpbística, a música está no álbum Clube da Esquina.
Eu já estou com o pé na estrada
Qualquer dia a gente se vê
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Alvoroço em meu coração
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes, amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
Num domingo qualquer, qualquer hora
Ventania em qualquer direção
Sei que nada será como antes amanhã
Que notícias me dão dos amigos?
Que notícias me dão de você?
Sei que nada será como está
Amanhã ou depois de amanhã
Resistindo na boca da noite um gosto de sol
E eu que sempre tive o pé no futuro, hoje analiso melhor os fatos passados, os acontecidos, as direções tomadas. Tudo passou, mas ficou a saudade. Restou ainda o gosto de cerveja na boca, o tabaco entre as unhas, a lembrança de domingos em reunião com música, roda, conversa, cinema, internet e besteiras inteligentes. Análise de vidas inconseqüentes que tinham razão para tal. Poesia em série composta com frases de efeito que perfuravam o coração mais aflito. Mas tudo passava quando havia uma confraternização. Não precisava ter motivo, apenas acontecia. Era noite, era dia. "Giro aflito, beijo e grito". Não lembro de ter encontrado substitutos à altura, só recordo ter passado entre pessoas que possuem um charme. "Sei que nada será como antes".
Tudo retornou à mente só por causa de um episódio de uma minissérie de um canal que criticam como manipulador. Se a intenção, digamos, fosse manipular as boas lembranças, o passado vivido e também aproveitado em certos momentos, então, confesso, eu me entrego a essa manipulação. Maldito Milton Nascimento, eu te amo.

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Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.