Pular para o conteúdo principal

Um retorno ao passado - parte I


Em 1995, o Paralamas do Sucesso lançou o disco ao vivo Vamo Batê Lata. O título veio de uma faixa do álbum anterior, Severino, um tanto quanto subestimado na época em que foi lançado, mesmo contendo pérolas do pop brasileiro como Cagaço e Músico (composta com o onomatopéico Tom Zé).

Vamo Batê Lata - o álbum, duplo, por sinal - foi um sucesso em vendas e levantou a carreira da banda de Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone. Naquela época, o rock tupiniquim passava por um período de baixa, já que o ritmo ditante de modas era o sertanejo que explodia em duplas vindas de todas as partes do país.

Divido em dois CD's, além do registro ao vivo, o segundo disco vinha com quatro faixas inéditas: Uma Brasileira, Saber Amar, Luiz Inácio (300 Picaretas) e Esta Tarde. A primeira foi um arrasa quarteirão nas rádios, tendo a participação nos vocais de Djavan e composição de Herbert Vianna e Carlinhos Brown que, naquele tempo, era um aspirante a hit-maker. Já Luiz Inácio (300 Picaretas) nos remete a imagem de um metalúrgico-líder-sindical que acabou se tornando presidente de uma nação colonizada por portugueses.

O disco fez parte de uma época bacana da minha vida. Ele me lembra muito a praia, mais precisamente, Coroados, próximo à Guaratuba. Recordo que caminhava pela areia, logo nas primeiras horas da manhã (antigamente eu acordava cedo) ouvindo em um antigo walk-man (leia-se fita K7) as canções de Herbert Vianna. Eu sempre ia longe ao som do solo de guitarra de Laterna dos Afogados. A música, inclusive, foi trilha sonora de muitos romances. Não diferente comigo. A paixão era legal naquele tempo. Depois virou distância, cartas e esquecimento. Hoje é puro saudosismo de uma adolescência bem vivida.

Outra faixa que ainda desperta lembranças é Trac Trac, composta pelo argentino Fito Paez e que ganhou releitura do vocalista do Paralamas do Sucesso. O tema é repleto de imagens, mas que, com certeza, difere de pessoas para pessoas. O refrão tem um significado de conquista de verão, ao menos para mim. "Dá-me tu amor, solo tu amor", canta Herbert com vocal de Fito.

Difícil imaginar algumas recordações litorâneas sem a presença de Vamo Batê Lata. O sol nascendo, as gaivotas pousando na areia, a brisa matinal no rosto e os luais nas costas paranaenses. Foi um "romance ideal".
Leonardo Handa - Verão de 2001.

Postagens mais visitadas deste blog

Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.