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Mostrando postagens de abril, 2008

Diálogo em cartas

Eu só queria a verdade. Algumas mentiras também poderiam servir, no caso. Desde que fossem interessantes. Mas não tive razões. As emoções escorreram pelo sujo vidro da pura vodca . Eu entreguei os sentimentos, esvaziei em tabaco, curti o desespero, vivi o escandalo . Procurei uma conselheira, uma cartomante. Nenhuma novidade me apontaram. A única ponta foi o escape, a salgada ilusão. Não entendo a outra, eu sempre quis ser a mesma. Não compreendi o beijo, mas o vi quando você estava no salão, mas um confete, na hora, caiu em meu olho. Traição de Carnaval, alguns não consideram. Eu considero. Agora as lembranças estão lá na minha casa em uma caixa de sapato. A sua escova, o seu pente, a sua loção. A nossa música ainda embala o meu coração, mas estou dando um fim na situação. Pegue a sua intenção e meta no ralo. Minhas lágrimas já foram bebidas nas noites de neblina, não sobrou nenhuma para contar a lenda. Satisfação em conhecê-lo, em amá-lo, em odiá-lo. Minhas unhas, todas detonadas, h...
O modo de consumir música está mudando. Com o advento de programas e páginas de compartilhação pela internet, a maneira ilegal de se obter a canção do artista predileto facilitou de tal magnitude que está quebrando as grandes gravadoras. Há tempos a indústria fonográfica não se encontrava em uma crise tão sem volta. Departamentos de Marketing, assessores e empresários já não sabem mais o que fazer para tentar contornar a situação. A invenção do CD e, na seqüência, a criação da formatação MP3, decretou o fim do consumo musical como conhecíamos. Nos dias atuais, ainda se vê lojas de discos que recebem os lançamentos do mercado. Mas, ao mesmo tempo que eles chegam às prateleiras, as canções já estão na internet. Pior, muitas vezes chegam antes no mundo on-line. O mundo físico está perdendo de goleada. Vários artistas do universo musical, se entregando à situação, mudaram a forma de comercializar os seus trabalhos. A independência artística tão almejada no passado, agora, é realidade. É cl...

Divagações escolares - Parte I

Que futuro é esse? Ainda ninguém alcança com as mãos, mas observam com os olhos e saboreiam com a língua. O finito é percebido, sobretudo, em dias de estiagem. Campanhas sempre alertam, mas a conscientização é rarefeita. Então fica a pergunta: estamos preparados para o pior? O Brasil está em uma situação favorável quando se fala sobre o assunto. Nem é preciso salientar qual é o bem natural tratado. Não há entrelinhas. Está explícito. Enquanto isso, torneiras ficam abertas na escovação dos dentes, mangueiras sangram em desperdício nas calçadas, carros ganham desnecessárias lavagens de aparência e os colonos sofrem com a escassez. Se bem que as chuvas da última semana contribuíram um pouco na melhora da situação. As vacas e os pastos, ao menos, agradecem. Engraçado também foi a inversão. O extremo da região sul tupiniquim há tempos não vivia uma seca tão cavalar. E o nordeste não via a hora da água parar de desabar. Mas agora os sertanejos rezam ao padrinho Cícero. O verde apareceu, as p...

Movimento rápido dos olhos

A imprecisão do colapso em um lapso de fúria. O sorriso imperfeito no escuro do sono. Um sonho em caos no furor do profundo. Um mundo inteiro devastado na alegria do momento. O passado não pensado no presente conseqüente. Revirando os olhos com movimentos rápidos. Acelerando em outro tempo. Automatizando para as pessoas. Reconstruindo fábulas, perdendo a religião. Um homem ligado à lua. Todo mundo chora, às vezes. Então, agüente. Do seu lado mais bonito, mande cartas de e-bow. Viaje na Lotus, anuncie um pranto. Espere no canto uma supernatureza superséria. Ou não seria isso? Um único ao amor.

Frêmitos

Caos em si com fruto mordido. Turbulência em estado sônico de palavras soltas em vão. Jogos de sentimentos em erosão em um terreno sem luar. Há elementos corrossivos no coração. Habeas corpus em solidão. Mais frases perdidas sem noção. Exercício de criatividade para alcançar o êxito sem o pleno entendimento do contexto. Um texto vago de absurdos claustrofóbicos. Figuras sem linguagem em concreto. Péssimas intenções musicadas sem inspiração. Sol negro sangrando em um cigarro constante. Vício poético de loucuras adjacentes. Sensações espasmódicas em alegrias estremecidas. Frêmitos.
Às vezes a sinceridade invade de tal maneira que distorce os fatos. Não é fácil ser compreendido. O dilúvio sentimentais interrompem o fluxo criativo, mas também aceleram, dependendo dos casos. Ainda bem que existe a música para controlar os altos e baixos. Mark Lanegan me dá a razão. A rouquidão sempre me fez bem. Ontem estava com uma puta insônia. Olhei para meu velho companheiro, meu melhor amigo, o violão, e resolvemos compor algo. Como sempre, asneiras sônicas foram arquitetadas sem precisão. Nunca fui bom. Nem pretendo. Serve como terapia e nessas noites solitárias e azedas que ultimamente me visitam. Surgiu, portanto: Um ato agora exposto Televisivo mostra o rosto E a fama registra alta Um corpo liso em capa. Um ensaio revela a baixa O sorriso falso exalta A reportagem maquiada abre O segredo curto e grosso. Retorna em pele e osso Perde o mesmo fascínio A atividade é mais efêmera Quando existem os opostos. Era para ser sobre uma famosa atriz, mas acabou em outro contexto. De tod...
Um resto, um pranto, um canto. Dois tocos, dois casos, dois fatos. Três socos, três vidas, três tiros. Quatro beijos, quatro furos, quatro atos. Cinco discos, cinco filmes, cinco livros. Seis cartas, seis seqüências, seis blefes. Sete de espada, sete de copas, sete de ouro. Oito tentativas, oito histórias, oito fotos. Nove canções, nove romances, nove poemas. Dez tiros, dez provas, dez envolvidos.

O Jantar

Entro no carro e sigo até a Br 227. Alcanço 100 km/h. 120 km/h. 140 km/h. 160 km/h. Percorro pelo breu sem pensar em nada, ao som de Cardigans. Escuto um barulho e tenho a leve impressão que o causador do estrondo fui eu. Mas antes vamos voltar 40 minutos. 21h46. A mesa repleta de amigos, Oswaldo Montenegro no 3 em 1 antigo de Isabel. Inicia "A Lista", uma das canções que mais tocam o meu coração. "Faça uma lista de grandes amigos / Quem você mais via há dez anos atrás / Quantos você ainda vê todo dia / Quantos você já não encontra mais". Isso causa dor de saudosismo quando ouço. E ele continua, sabiamente. "Faça uma lista dos sonhos que tinha / Quantos você desistiu de sonhar / Quantos amores jurados pra sempre / Quantos você conseguiu preservar". Chega nesta parte e já tenho vontade de fugir. Mas, Oswaldo ainda segue mais profético. "Onde você ainda se reconhece / Na foto passada ou no espelho de agora? / Hoje é do jeito que achou que seria? / Quan...