"Roads" no fone de ouvido. Vela acesa. Cabeça repousando no travesseiro. Beth Orton, com a sua suave e melancólica voz, dá toda a razão ao penetrar no tímpano. "Ninguém consegue ver? Temos uma guerra para travar/ Nunca achamos nosso caminho, diferente do que eles dizem / Como pode parecer tão errado? Para esse momento, como pode parecer tão errado? Tempestade na luz da manhã / Eu sinto / Não posso dizer mais, congelada para mim mesmo". Respira. Inspira. Aspira. Expirra. A poeira da memória provoca sensações indeléveis, ainda mais com a trilha sonora perfeita para vasculhar o velho baú de lembranças. A imaginação a transporta ao mesmo local do primeiro sexo. Também do segundo, do terceiro e do quarto. Ela segura com os cílios a lágrima que não insistiu em cair. A solidão tem dessas coisas: proporcionar uma reviravolta mental. Tinha tanta esperança carregada no coração, presa em um colar que não tira nem para tomar banho. Mas, como toda e qualquer traição oferece i...