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Reinventar

Eu vejo que estou recomeçando ou procurando motivos para isso. Vou aproveitar a nova idade para me reencontrar, não ser tão tolo naquele processo sentimental que chamamos de amor.

Teve a turbulência de uma traição, a falta de carinho, o aproveitamento da fraqueza e a exploração da amizade, como se fosse uma forma de castigo por um passado totalmente errado. Tudo isso ocasionou a fritura do meu cérebro, o aumento de uma doença e uma ferida enorme no peito cuja cicatrização não ocorre. Sofri com tamanha dor cada segundo que eu via o relógio consumir. Passei um tempo sem contato, tentando o esquecimento a todo custo. Falhei.

Por um deslize do meu coração, voltei a conversar contigo. Você veio com palavras frágeis, dizendo que sofria saudades, que gostaria de uma reaproximação. O idiota do outro lado, no caso, eu, aceitou. E, novamente, sentiu os calcanhares se quebrarem. Tentei ser próximo, mas o sentimento me machucava.

Depois de uns meses, com as chagas ainda escorrendo, eis que um outro alguém surge na vivência, repleto de dizeres carinhosos, gostos próprios, tranquilidade e safadeza, tudo ao mesmo tempo. Paixonite, no início, eu pensava. Mas o gostar foi amadurecendo de um dia para outro, como se fosse uma explosão sônica. Houve o sexo e a certeza: uau.

Lógico que a perfeição não se faria presente, afinal, estamos falando da minha pessoa, um azarado quanto ao amor. Existia uma terceira pessoa e eu sabia. Não devia ter começado nada antes de um rompimento. Nunca quis ferir ninguém, avacalhar com o sentir, ser estorvo do outrora ou culpado do fim. No entanto, eu fiz, tirando o último item. O detalhe que a parte que lhe cabia não foi cumprida e senti um desrespeito para com os meus sentimentos. Coisas assim, nem animais. Eu continuo a respeitar e a te amar, mas tenho uma tremenda confusão em meu córtex que preciso romper e reiniciá-lo. Seria perfeito contigo. Não posso, infelizmente.

Agora, depois de dois amores estraçalhados, eis que vem o período mais difícil, eu sinto. Vou seguindo um passo por vez e procurando o eu que perdi. Vai ser complicado... Está no momento de se reinventar.

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Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about. 

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