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Síndrome de Pânico

É um desafio, às vezes. Outrora, sou vencido, mas consigo contornar com fuga. Mas, digo, trabalhar com crise de pânico e ansiedade é dilacerante. Sinto como se o meu cérebro fritasse. A confusão não permite concentração, algo que, durante uma entrevista, preciso para realizar o bom ofício. Hoje, por exemplo, estava tudo normal. Tinha anotada todas as perguntas necessárias, eu tinha uma clareza da complexidade das pautas e já tinha traçado o andamento das questões. Como sempre acontece, repentinamente, um leve desespero inicia. A única coisa que passa pela cabeça é a palavra: fodeu. Tento controlar a respiração, que entra em parafuso e sinto como se um macaco estivesse aprontando as melhores besteiras em meu peito. Eu sinto uma dormência, às vezes. Não sei se é princípio de infarto, afinal, fumante eu sou. O certo é a vontade de sair voando do local, qualquer que seja. Fico me imaginando tendo essas crises em um avião. Como seria meu comportamento? Enfim, no caso de hoje, o auto-controle foi preciso e meu esforço valeu a pena, pois curti me sentir capaz de não precisar inventar uma desculpa para vazar como água parada em pote rachada de planta.




Neste momento, estou lendo coisas a respeito dessa síndrome. Eu a trato com doses de fluoxetina. Não me sinto um completo viciado, mas tenho a necessidade dela para certos casos que eu sinto que sentirei a sensação. Tento me precaver, afinal, sou jornalista, estou sempre em contato com pessoas e necessito de um controle. Mas já tive crises em entrevistas e ressalto: é muito desagradável ter a impressão que perderei o sentido a qualquer momento, como se fosse desmaiar na frente da pessoa. Entre os sintomas, que acabo de encontrar, listo:

1- Aceleração da frequência cardíaca ou sensação de batimento desconfortável. (Sinto frequentemente).
2- Sudorese difusa ou localizada (mãos ou pés). (Isso não sinto. Terrível para quem sente).
3- Tremores finos nas mãos ou extremidades ou difusos em todo o corpo. (Isso é horrível. Sinto, infelizmente)
4- Sensação de sufocação ou dificuldade de respirar. (Essa é a pior de todas. Parece que você morrerá afogado pelo próprio ar que respira).
5- Sensação de desmaio iminente. (Igualmente terrível. Parece que naquele instante você vai encontrar o chão. Não é nada bom. Imagine você sentir isso durante uma entrevista. Eu sinto).
6- Dor ou desconforto no peito (o que leva muitas pessoas a acharem que estão tendo um ataque cardíaco). (Muitas vezes pensei que estava morrendo do coração).
7- Náusea ou desconforto abdominal. (Opa, isso não sinto. Seria um bom sinal?).
8- Tonteiras, instabilidade sensação de estar com a cabeça leve, ou vazia. (Nem preciso comentar. Horrível. Ops, comentei).
9- Despersonalização* ou desrezalização**. (É como se eu não fosse eu).
10- Medo de enlouquecer ou de perder o controle de si mesmo. (Às vezes acho que perdi a sanidade).
11- Medo de morrer. (Sempre).
12- Alterações das sensações táteis como sensação de dormências ou formigamento pelo corpo. (Uma grande bosta).
13- Enrubescimento ou ondas de calor, calafrios pelo corpo. (Ufa, isso não sinto).


Caso você tenha esses sintomas frequentemente, leia esse site (http://www.psicosite.com.br/tra/ans/panico.htm). É muito esclarecedor. Vale a pena.


Enquanto isso, vamos sentindo. E trabalhando.






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Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.