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Pronto

Na inconstância que nós somos, seres humanos que possuem no cerne a insatisfação, paira às vezes o sentimento de que tudo está errado. O que acontece? Queremos mudar, fazer algo a mais para garantir um sentido em nossa existência tão banal, mas tão bela. 
Fomos criados a fim de termos mais. Sempre queremos ser conquistadores, como Colombos que precisam explorar a inquietude. Somos moldados, desde pequenos, a sermos os melhores. 
Na entrega do boletim, ainda na infância, a cor vermelha era simplesmente transformada em castigo caso estivesse sangrando o papel cheio de quadradinhos que mostrava seu desempenho escolar. Você precisava provar aos seus pais que era capaz de melhorar. E era cobrado por isso.
Aí os anos passaram e a sua inquietude chatíssima teve um único objetivo: ser aprovado em qualquer vestibular, mesmo que fosse na faculdade mais ridícula do Sudoeste do Paraná. Assim que conseguiu, te encheram de congratulações. Alguns até ganharam carros como reconhecimento, independente se a concorrência tenha dado 0000000,1.
Caso não tenha tido a grata audácia de salvar vidas e optado por Medicina, você ficou dividindo quatro paredes por quatro anos com outras pessoas legais, pessoas terríveis, pessoas mesquinhas, pessoas amigas, pessoas queridas, pessoas idiotas, pessoas caretas, pessoas drogadas, pessoas feias, pessoas bonitas e demais adjetivos que através dos anos foram descobertas. Você se formou e, os professores, mesmo aqueles mais mongoloides, realizaram alguma cobrança. E, para entrar no mercado, você teve de ser o melhor.
E, acredite, apesar de poder contar com a sua família, de ter dinheiro, de ter amigos, de ter transas, de ter um lugar para morar, de ter locais para se divertir, de não passar necessidade, você vai querer mais. E será cobrado por isso. Ou se cobrará.
Não importa a fase da vida. Até quando aposentado, vai querer buscar por algo que nem sempre saberá o que é. E o sentido da vida, da sua existência, da sua permanência como ser humano capaz, pagador de contas, votante em prefeitos burros, vereadores palhaços, governadores e presidentes babacas, nunca será respondido. Até que alguém chega perto de você, beija sua testa e diz: eu te amo. Pronto.

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.