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Eu quero recomeçar. Não o amor, mas a vida. Seja aqui ou acolá. Com um tiro na fonte ou numa carteira de cigarro. Quero recomeçar pela morte. As pessoas subestimam demais o niilismo. Qual o mal nisso? Nem sabemos ao certo se existe vida depois desse plano. Nunca tentei isso como reinício. Talvez esse seja o argumento do suicida. 
Já tentei reiki, espiritualidade, catolicismo, fluoxetina, meditação, Deus, deuses, umbanda, o caralho. Tentei também sexo desenfreado, limpo, sujo, rápidos, devagar, com carinho, sem carinho... Joguei-me no café, na água benta, no chocolate, nos filmes de comédia romântica, nos tratamentos holísticos, no banho com sal grosso... Nada, nada acalma. 
Já tentei na psicologia, na psiquiatria... No Jung, no Proust, no Bukowski, na puta que o pariu... Nas artes, nos exercícios físicos, na bebida, nas drogas. Só não tentei sumir de vez. 

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Fim

  É tanto vazio nesse espaço cheio É tanto desamor nesse amor É tanta sofrência nessa alegria É tanta felicidade nessa tristeza É tanto amigo nessa solidão É tanta falsidade nessa realidade É tanta falta nessa plenitude É tanto concreto nesse verde É tanta abstinência nessa bebida É tanto início nesse fim.

Oportuno

Os dias frenéticos me interropem os prazeres. Os pequenos detalhes seguem despercebidos, Nem a velha canção funciona e não emociona. As horas estão lotadas neste pensamento aflito. Eu procuro um grito, mas o perco no vácuo. Faço do coração apenas um pulso de sangue E não vejo que de fato ele quer uma percepção. Eu passo um risco no instante que quero. Preciso de calma mesmo querendo o agito. Fico aos nervos quando necessito de paz. Recorro à memória e me sinto traindo. Nos segundos falecidos eu vejo a derrota E amplio com dicotomia, pois não é a verdade. Trato o acaso como um passado empoeirado E reflito neste pouco que nada está atrasado. Tudo se trata de período contido Que poderá ser resgatado em um dia oportuno.
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.