Eu quero recomeçar. Não o amor, mas a vida. Seja aqui ou acolá. Com um tiro na fonte ou numa carteira de cigarro. Quero recomeçar pela morte. As pessoas subestimam demais o niilismo. Qual o mal nisso? Nem sabemos ao certo se existe vida depois desse plano. Nunca tentei isso como reinício. Talvez esse seja o argumento do suicida.
Já tentei reiki, espiritualidade, catolicismo, fluoxetina, meditação, Deus, deuses, umbanda, o caralho. Tentei também sexo desenfreado, limpo, sujo, rápidos, devagar, com carinho, sem carinho... Joguei-me no café, na água benta, no chocolate, nos filmes de comédia romântica, nos tratamentos holísticos, no banho com sal grosso... Nada, nada acalma.
Já tentei na psicologia, na psiquiatria... No Jung, no Proust, no Bukowski, na puta que o pariu... Nas artes, nos exercícios físicos, na bebida, nas drogas. Só não tentei sumir de vez.