Os tempos atuais nos deixam desesperados. Somos capazes de sacrificar as horas por momentos completamente desnecessários. Estamos fadados a um consumismo hiperbólico de futilidades que nos preenche com falsas alegrias. Batalhamos em trabalhos que acreditamos ser corretos, mas que se disfarçam em alegorias gratuitas de motivos para pagarmos as contas no final do mês. E, no fim, descobrimos que o final do mês é como o final do mundo.
Sobretudo para essa alcunha que foi designada como Geração Y. Por que ela se perdeu no discurso e hoje se alimenta de rivotril, fluoxetina e ritalina? A tecnocracia, a burocracia e a busca desenfreada pelo melhor, quiçá, sejam as respostas.
O fato é que a ansiedade e a depressão são amigas inseparáveis nessa mistura desenfreada que engrossa a sobrevivência. No entanto, sempre é preciso provar. Provar que somos o melhor filho, o melhor estudante, o melhor desenhista, o melhor namorado, o melhor marido, o melhor músico, o melhor sexo. Enfim, uma cansativa e desnecessária busca que se perde, pois há falta de concentração, falta de interpretação, falta de referências, falta de qualidade, falta de leitura, falta de boas músicas, falta de vontade e, acima de tudo, o exagero em reclames. Todos amam reclamar, mas não mostram nem demonstram atitudes para reverter.
Porém, ainda existem pessoas que ressaltam clareza de raciocínio e, sobretudo, que farejam e seguem a vida como deve ser. Vários arquétipos poderiam ser citados, mas a desenvoltura e perspicácia simples de José “Pepe” Mujica, um senhor de 79 anos, é de uma valia incrivelmente bela. Cito a idade do personagem somente para relembrar que o tempo é amigo da salvação, mas de acordo com a ideologia desenhada. Afinal, cada qual tem a ideologia que merece.
“Nós queremos achar um outro caminho. Se você quer mudar, não pode seguir fazendo a mesma coisa, tem que buscar outra maneira. Eu não sei porque o mundo não vê o que está acontecendo, parece que colocamos uma venda sobre os olhos”. É isso.
lsh - 26 de novembro de 2015.