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Amor Amigo

Existem tantos tipos de amores que não caberiam nos pêlos da virilha. Assim como a penugem, alguns sentimentos amorosos ficam escondidos em um canto estrategicamente planejado. Tanto faz o local, quanto mais oculto melhor, dependendo do gênero de amor, é claro. Mas, de todos os joguetes e estilos, o amor amigo é um dos mais sinceros e viscerais. Quem ama prova. Às vezes demora. Quando vem, é seguido de um dilúvio de palavras e carinhos, com direito a contradições em verbetes necessários se o acaso solicitar.
As conversas ficam mais deliciosas, com pausas que por vezes se tornam silêncios importantes para as reflexões sobre o assunto discutido. Em outros amores, as pausas entre as frases se transformam em desconforto imediato. Já no amor amigo, o silêncio não é desagradável, chega até ser refrescante, como aquela cerveja gelada degustada em um dia intenso de verão em um bar a beira-mar onde a brisa marítima bate calmamente no rosto.
O compromisso pré-estabelecido no início do amor que, com absoluta certeza, iniciou de um beijo faiscante e prolongado, quem sabe sinuoso, repleto de toques e deslizes no pescoço, sem direito de evitar a paixão. Aquela coisa de momento perfeito e contato labial. Nada daquelas falácias de amor à primeira vista. Pois bem, a idéia inicial do parágrafo acabou escapando pelos dedos, mas a continuação é a seguinte: o compromisso pré-estabelecido no início do amor chega a causar náuseas nos mais intimidados, que necessitam do amor, porém, fogem da aventura por temer as outras manifestações do sentimento, seja amor chiclete, amor carnal, amor fétido, amor meloso, amor infantil, amor sadomasoquista... E por aí em diante. No amor amigo, não precisa se preocupar com as suas ramificações, elas inexistem. Caso existam, é o amor amigo que não existe e, sim, outro tipo do sentimento que tanto gerou poesias, contos, músicas, filmes, peças de teatro, esculturas e pinturas.
Não se trata de uma exacerbação ao amor amigo, mas sim, um manifesto sincero de e sobre a amizade. Tantas pessoas queridas passam tão corridas por nossas vivências que, infelizmente, algumas viram apenas uma fotografia de lembrança colocada em álbuns de recordações. Elas são tão raras. Essas sim, caberiam e sobrariam nos pêlos da virilha. Até nas depiladas.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.