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Envelhecer é se deixar estar

É difícil aceitar que o envelhecimento é algo inevitável. Em algumas pessoas esse fato se torna doença. Hoje em dia existem vários processos para tentar retardar as gravidades da idade. Tanto faz se é botóx, lipoaspiração, massagens estéticas, geléias no rosto, banho de argila importada da Tasmânia e demais opções que às vezes soam como burlesca. Melhor ainda é se deixar levar pelas ações das intempéries da condição humana. Envelhecer com dignidade é a conseqüência mais aceitável, menos aos hipérboles e suas manias de juventude acima de tudo. Aquele ditado que "quanto mais velho melhor" poderia ser levado mais a sério. É legal observar os corajosos que aceitam os seus cabelos brancos, as suas rugas de experiência, a queda desenfreada de cabelo, a falta de colágeno na pele. Não se trata de vaidade, o negócio aqui é saber se por no lugar. Não é porque a velhice chega que algumas pessoas vão se privar de certos prazeres. Para quase tudo há a quase solução. Só não existe quase velhice.
Determinados indivíduos conseguem acompanhar o processo de mais um outono com a cabeça erguida, olhando para o avente em um horizonte distante que somente os românticos possuem a perspicácia de aprovar, encarar, se jogar, amar e aceitar. Os Rolling Stones sabem o que isso quer dizer, mas a Sophia Loren não.
A vida é repleta de obstáculos. E os da idade também devem ser levados em questão, sobretudo. Eternamente jovem já era, devia ter ficado nas mesas do Ivo Pitangui. Se bem que um seio farto de silicone é belíssimo, mas os naturais não causam mal. O artificial tem as suas peculiaridades, por vezes, fatais.
Imagine se todos resolvem nunca mais envelhecer, que triste seria não ter a imagem de avó que sempre temos, com aqueles vestidos floridos, cheiro de talco, cabelos branquinhos como se flocos de neve tivessem acabado de cair. Ou então, aquele avô engraçado brincando com seu neto em um dia qualquer de sol, em um parque coberto por folhas do outono. Como é engraçado ver o avô na velha poltrona, roncando um sono delicioso devido a programação chatolóide da televisão. E ao lado dele, a avó desenhando com o tricô mais um suéter para o neto que acabou de se formar. Não consigo imaginar avós em mesas de cirurgia plástica. Até mesmo porque, isso deve ser muito triste.

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.