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David Bowie e Neil Young

O velho David Bowie me traz algumas razões nesta noite fria. Como já disse o bom vinho que é o Neil Young, "rust never sleep" (a ferrugem nunca dorme). A citação a esses dois ícones da música é por uma boa razão. A sensação sonora que ambos proporcionam é de rachar o ouvido mais gélido. Difícil achar o significado mestre a respeito de Bowie e de Young. O certo se torna incerto, o correto se transforma em incorreto e o ambíguo vira amigo, conforto em música que esses roqueiros adicionam em temperaturas baixíssimas como as da região sulista do país. Se fosse na Inglaterra ou nos Estados Unidos os sentimentos seriam mais soberbos. Mas, como cabe aqui a contradição, por essas plagas os sentidos são os mesmos, afinal, a música deles é universal.
Interessante é ouvi-los em um mesmo dia, devorando os dizeres que cada qual reverbera em canções emblemáticas. Os tempos de ouro deles já se foram, por vezes vomitam obras ainda alimentícias. Porém, também erraram na carreira que levaram no concebível exagero aceitável. Lembrando novamente Neil Young, "rock'n roll cant never die". Amém.
Recordo que Bowie foi o meu primeiro grande ídolo, quando ainda eu tinha cinco anos, tudo por causa do filme infanto-juvenil, Labirinto. As músicas do "senhor do poço do fedor eterno" causaram tamanho estrago nesse que vós escreve, a ponto de eu achar que era filho legítimo dele. Minha imaginação naquela época era muito fértil, graças à minha mãe que não tinha rédeas no açúcar. Eu degustava muito qualquer espécies de doces. Não à toa, meus dentes de leite eram todos cariados. Meus dentes eram de leite doce. Desculpe o trocadilho, confesso, realmente ficou enfadonho. Pois bem, voltando, Labirinto rompeu minha infância, foi como se minha virgindade enfim tivesse sido arrancada do meu âmago. Em plena infancia, que se fez muito doce, devido ao açúcar, meus primeiros sonhos eróticos foram com a Jennifer Connely, a protagonista do filme. Eu sempre a amei. Meu pinto era todo dela. Bronhas e bronhas tiveram dedicação exclusiva a ela, somente a ela. E foi assim que eu perdi a infância, da maneira, pelo menos para mim, mais doce, já que o açúcar continuava a adocicar os meus sonhos mais cariados. Contudo ao som do Bowie. Orgiástico!!!!! E olhe que eu ainda nem tinha porra. Eu não era porra alguma!!!! Puxa vida, peço inúmeras desculpas novamente pelo trocadilho, mas esse eu não podia deixar passar.
Escrevi tanto a respeito de Bowie que acabei esquecendo do Young. Vale ressaltar que o segundo salvou a minha adolescência, que, confesso, nunca enferrujou. Ainda está por aí, às vezes escondida nas mesmas canções do Young. "Harvest" influenciou até demais os meus poucos apurados tímpanos. Eu ainda continuo tentando. Assim como Young, Bowie e outros heróis que romperam as fases da vida. Ave à música.

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Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.