Ele está se perdendo, não alcança mais a satisfação de outrora. O tempo foi o seu rival predileto, hoje se tornou amigo de confidências. Desmorona memórias de um passado repleto de vitórias, ouve os seus discos prediletos retirados de uma estante de lembranças e derrama lágrimas de pó com ácaros e bactérias. Não entende o futuro, mas continua a acreditar no presente, mesmo que ausente estejam as suas virtudes transparentes. Certo dia, quando passeava perto do Jardim das Américas, pensou estar tendo um deja vú, porém, se tratava de uma visão real. A cena de um cachorro brincando com uma criança que, por sua vez, ao correr para o outro lado da rua foi atropelada, remeteu-o à infância que degustou com primor. O rapaz lembrou do período no hospital, no gesso do braço, no hematoma da perna e na cicatriz que até hoje carrega no canto do rosto. Lembrou como tinha sido infeliz a sua mãe junto ao seu pai e como um acidente banal aproximou-os. Era década de 1980 e, mesmo aos sete anos, o álbum p...