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Mostrando postagens de maio, 2008

Voe

Voa criança sem asas de anjo. Encontre no céu as respostas sem nexo. Procure os pássaros que você não conseguiu pegar. Veja de cima a situação causada. Observe os pobres que por aqui agora rezam. Lágrimas continuam nascendo e morrendo dia-a-dia. A movimentação segue pelos olhos de vidros que ainda registram o ocorrido, as grades, o apartamento, os advogados e os possíveis envolvidos. Veja como isso se tornou uma saga. Talvez você não entenda o sentido da palavra, mas deixe-se invadir pelo universo. Ninguém vai tirar o seu mundo. Não agora. Dê um "olá" ao colorido de borracha perdido no ar. Um mar neutro de sinceros sonhos. Alguns perdidos no azul também querem. O clima continua explodindo em terremotos chineses, em terrenos orientais. A mãe Dináh, uma pena, não nos avisou antes. Então sorria criança, quem sabe as asas de anjo cresçam em suas costas. Voe para nunca mais voltar.

Texto sem Pensar

Sem parar no inválido destino que agora é traçado. Percorre pelo lado escuro da via úmida dos desejos sanados. O molhado invade em enchente o quente do túnel. Os olhos não enxergam o que querem ver, somente as mãos conseguem visualizar. Bem devagar, adentra o lugar. Um gosto de fruto doce saliva na boca. A língua lambe os lábios obscuros, pintados de negros com batom 68. Mais um e é o ápice. Um trocar de fluídos vai escorrendo pelos públicos carinhos ardentes. Um dedo faz a diferença no trajeto, um gemido aumenta a intensidade, um sorriso no breu não é apreciado. Caos no enroscar das peles, pêlos invadem o sabor, o deslize alcança a pêra. Percorre os caminhos conhecidos. A velocidade atinge o máximo, o tremer rebate nas pernas, o mundo se torna pequeno, ninguém lembra os próprios nomes, mas outros mais feios são recordados, a cicatriz é esquecida, as dívidas, os compromissos e os filhos também, o vórtice vira vértice que se torna parábola que mutante fica fórmula e em químico termina o...
Ela chegou de mansinho e me atingiu. Veio devagar, sem avisar. Não sei ao certo como me encontrou, mas me derrubou. Talvez eu estivesse sozinho, ouvindo MPB da década de 1970. Ou, quem sabe, eu estivesse trabalhando. Não sei. De toda a forma, ela me acertou e me levou para a cama. Eu lembro ainda que no início desta semana estava tudo bem. Tinha vigor. Apesar do frio, os dias eram plenos, bacanas, interessantes e produtivos. Mas você insistiu, chegou. Às vezes tenho vontade de matá-la, arrancá-la de mim, cuspí-la. Contudo, a culpa é minha. Falta cuidado. Minha mãe sempre disse que você não presta. Não discordo. Nunca. Adoro minha mãe. Agora, por sua culpa, não posso aproveitar o meu final de semana, nem beber minha cervejinha. Você tem inveja, ciúmes, sei lá. Você quer morar comigo, mas eu não quero. Entenda, pelo amor de Deus: GRIPE, EU TE ODEIO!

E-mail nosso de cada dia - parte II

Lula na Inglaterra pergunta à rainha: - Senhora rainha, como consegue escolher tantos ministros tão maravilhosos? Sua majestade responde: - Eu apenas faço uma pergunta inteligente. Se a pessoa souber responder ela é capacitada a ser ministro. Vou lhe dar um exemplo. A rainha manda chamar Tony Blair e pergunta: - Mr. Blair, seu pai e sua mãe têm um bebê. Ele não é seu irmão nem sua irmã. Quem é ele? Tony Blair responde: - Majestade, esse bebê sou eu. Ela vira pra Lula: - Viu só? Mereceu ser ministro. Lula maravilhado volta ao Brasil. Chama a ministra Dilma Roussef e lasca a pergunta: - Companheira Dilma, seu pai e sua mãe têm um bebê. Ele não é seu irmão nem sua irmã. Quem ele é? A ministra responde: - Senhor presidente, vou consultar nossos assessores e a base aliada e lhe trago a resposta. Vai então e cobra a resposta. Ninguém sabe. Aconselham perguntar ao ex-presidente FHC, que é muito inteligente. Dilma liga pra FHC: - Fernando Henrique, aqui é a Dilma Roussef. Tenho uma pergunta pr...

A Mãe da Batalha Afegã

Fecho os olhos e vejo tudo. A cicatriz em minhas mãos, o sangue na minha testa. Solicito mais um pouco, mas a piedade não se apresenta. Tento mais um pouco, nenhuma resposta obtenho. Espero o momento exato para acordar. Percebo que não estou dormindo. Pássaros no céu anunciam a despedida. Folhas praticam queda livre dos galhos. Portishead é a trilha sonora. Continuo no mesmo lugar, os braços abertos, a esperança fechada. Percorro por caminhos meus desconhecidos enquanto salvadores sorriem conseqüências abstratas. Eles não sabem do que se trata, não conhecem a maldição, não sabem o que estão fazendo. Meu peito nu jorra aquilo que me era direito, aquilo que me era esquerdo, aquilo que me guiava. O rompimento enfim foi selado. Desço do mundo, grito um profano, corto meu tímpano, cego meu rosto, reconstruo o ápice e forço a pureza. Tiram meu bem, escondem meu amar, catalizam a violência, arrancam meu filho e vencem minha glória. Bem que tentei, porém, sofri. Um tiro no escuro perdido veio ...
Fere mais A ferida Aberta Com uma faca Enferrujada. Fere o olho Com um soco De palavras Desconcertantes. Cure, agora, A ferida com band-aid Já usado. Lamba meu sangue Que escorre na sua pele.

Prateleira

Segue arrumando as coisas antes de partir. Uma velha camiseta amarela lhe traz lembranças de um dia especial. Era um sábado, fazia sol. Saiu pela rua sorrindo, ouvindo em seu iPod a última do Gogol Bordello. Parecia um velho indie. Calça jeans e All Star. Ele tinha todas as propriedades para ser respeitado pelos outros. Vivia de elogios. Chegou a um café e pediu um chá gelado, comeu um pastel de palmito e seguiu o trajeto. Entrou em uma velha loja de CDs. Achou um disco do The Smiths, um outro do Echo and The Bunnymen e um raro do A-ha. Anos 80. Aliás, a velha camiseta: China Girl. Continuou a caminhar, encontrou certos conhecidos e tantos mais que pensava conhecer, mas que não passavam de uma janelinha do MSN. Avistou uma banca de revistas. Encontrou um passatempo. Leitura pop. Seguiu pela Rua XV. Sentou. - Muito bacana o som desse rapaz - Disse um alguém. - O cara é foda! - Respondeu. - Posso me sentar? - Pode. Curte música pop? - Muito. Extremamente. Bem bacana sua camiseta. O cama...

O Homem Imaturo

Jogos de amar. Um cordão desamarrado, um livro aberto, uma lágrima suicida. Alguém ajuda a moça da cicatriz amarrar o All Star. Depois, lê o livro para ela. A lágrima foi seca pela própria, já que estava sozinha no dia em que ouviu Joni Mitchell. Era cega. Não nasceu assim, culpa de um problema genético herdado de seu pai. Ele falaceu quando a moça ainda era criança. Dez anos. Mas ela não o culpa, pelo contrário, agradece. A deficiência lhe proporcionou uma audição extraordinária. Característica que ela utiliza com maestria na condução do violino. Não gosta dos clássicos, prefere o pop. Belle and Sebastian. Jogos de amar. Ela estava passeando com o seu cão, o Paçoca, pelo parque central da cidade. Um lugar repleto de árvores que tem um rio cortando a extensão do local. Era outono. As folhas faziam um carpete nas trilhas, muitas delas ainda úmidas, como se estivessem sido salpicadas pela deusa da estação. Ela não percebeu, mas seu cadarço desatou. O cachorro parou. Ela não entendeu. Por...