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Segue arrumando as coisas antes de partir. Uma velha camiseta amarela lhe traz lembranças de um dia especial.
Era um sábado, fazia sol. Saiu pela rua sorrindo, ouvindo em seu iPod a última do Gogol Bordello. Parecia um velho indie. Calça jeans e All Star. Ele tinha todas as propriedades para ser respeitado pelos outros. Vivia de elogios. Chegou a um café e pediu um chá gelado, comeu um pastel de palmito e seguiu o trajeto.
Entrou em uma velha loja de CDs. Achou um disco do The Smiths, um outro do Echo and The Bunnymen e um raro do A-ha. Anos 80. Aliás, a velha camiseta: China Girl.
Continuou a caminhar, encontrou certos conhecidos e tantos mais que pensava conhecer, mas que não passavam de uma janelinha do MSN. Avistou uma banca de revistas. Encontrou um passatempo. Leitura pop. Seguiu pela Rua XV. Sentou.
- Muito bacana o som desse rapaz - Disse um alguém.
- O cara é foda! - Respondeu.
- Posso me sentar?
- Pode. Curte música pop?
- Muito. Extremamente. Bem bacana sua camiseta. O camaleão ainda me emociona.
- Verdade.
- Você não sente que a vida seria tão sem graça se não houvesse a música?
- Com certeza, mas este seu apontamento é um plágio. Pelo jeito você gosta de Nietzsche.
- Gosto. Bastante. E você, prefere quem?
- Quase não leio filosofia, mas gosto do Amarante.
- Ah, sério? Sou muito mais o Camelo. Richards ou Jagger?
- Humm, esta é difícil. Fico com o Richards.
- Juno ou Pequena Miss Sunshine?
- Juno, sem dúvidas!
- Ah, capaz. A Preslyn é ótima.
- Concordo, mas a Ellen Page também é foda.
- Verdade. Isobel ou Lanegan?
- Os dois, como já estão fazendo. A doçura com o tabaco.
- Azedo ou amargo?
- Prefiro o Josh Homme.
- Boa. Jorge Ben ou Jorge Ben Jor?
- Nenhum dos dois. Prefiro A Tábua de Esmeraldas.
- Para finalizar, tenho alguma chance?
- Nenhuma, mas podemos dividir um cigarro, o que acha?
- Tudo bem.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.