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Segue pela estrada. Sozinho. As únicas companhias são as estrelas e o rádio ligado em uma estação qualquer. O locutor parece estar travando um monólogo quando anuncia a próxima canção. "A love that will never grow old". O motorista sente uma fisgada no coração. A lágrima não demora e se joga do olho. Ele relembra o amor perdido. Continua em linha reta. Perde a direção. Estaciona o carro. Acende um cigarro.
Um frio corta o lábio e ele imagina estar envolvido em braços que perdeu. Fica mais um pouco no conforto do inverno que deixou perder o coração. Não entende o por quê de certas coisas. Procura por explicações que não existem. Não compreende. Percebe que está rodando em círculos e sente os disabores do amor. Aumenta o volume do rádio e se deixa guiar pela música. Triste.
Entra no carro. Volta a dirigir. A canção acaba. Inicia outra. Mais dolorosa, mais melancólica, mais claustrofóbica. Ele sente a falta, intensa, forte, cortante como o frio que faz na estrada. O inverno nunca foi tão severo como antes. A solidão retorce a sua essência e ele não quer desafio pior do que esse. Se desconcentra e acerta um barranco. Capota.
Fica desmaiado nos instantes que ele pensa estar em sono profundo. Sonha com o caso perdido entre fumaça e uísque. A noite estava simplesmente bela. Os dois conversavam sobre o nebuloso futuro que poderia surgir. Imaginavam os planos. Traçavam as derrotas. Ficaram bêbados.
Quando ele acorda já está em um quarto branco. Aparelhos ligados e sinais que parecem guiá-lo a lugar nenhum. Uma enfermeira injeta algo em sua veia. Ele volta a encontrar os sonhos. Somente nos sonhos ele consegue ser feliz, pois é quando enxerga o seu amor.
Depois disso ele não acorda mais. Procura dormir sempre nos momentos de medo. Se agarra no sonho para viver em paz. Silêncio.

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 

Férias

Finalmente curtindo as merecidas férias. O período de descanso é necessário. Aos poucos, estravasso o cheio a fim de alcançar o vazio. E assim vou enchendo novamente os novos cheiros, os novos sentimentos, as novas experiências e as novas mudanças. Tudo acompanhado ao som das ondas do mar, do oceano que banha as costas da Ilha do Mel. É incrível como este lugar me traz vigor, me renova. Por mais que sejam poucos dias, o proveito recicla a vontade de batalhar por mais um ano em um lugar que ainda não me encontro, não me solto, não exploro. Agora é sentar e relaxar o gozo de outras estações, ainda indefinidas nos planos e projetos que ainda não esbocei. Enquanto isso vou aproveitando as músicas que vão fazendo o meu verão. A nova bolacinha do Max de Castro não decepciona. Nem a coletânea do Blur. Mas o som da estação que vigora mesmo é o primeiro CD da Lauryn Hill. Uma delícia. E eu que achei que ia ouvir muito Jack Johnson. Que engano exacerbado. Ainda bem que errei.
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.