Meu nome é Leonardo Silveira Handa. Jornalista. Perdido. Achado. Amante. Radialista.
terça-feira, novembro 08, 2022
segunda-feira, outubro 31, 2022
sábado, julho 30, 2022
Marlboro
Ali de bobeira
Encostado no muro
Meu sangue quente
E o seu filtro me chamando.
Tenho em mente a maldade
A crueldade dos anos
E as consequências do agora
Mas você me satisfaz,
Muito mais que não demora.
Não demora o meu prazer
Não demora o meu fazer
Não demora o seu caráter
Não demora o seu querer.
Ali de bobeira
Deitado no capô
Vejo as estrelas adormecerem
Enquanto te beijo calmamente.
lsH
sábado, julho 23, 2022
Hit do Câncer
sábado, junho 25, 2022
Melancolia minha, daquilo que vivi ontem, ou daquilo que vivo agora.
Melancolia nossa, tão ausente quanto tu.
Melancolia outrora, futuro breve, obtuso instante.
Melancolia a noite e ao dia.
Melancolia boa deste momento
Melancolia ótima para refletir
Melancolia incrível para amar
Melancolia linda ao vento.
lsH
Madrugada. Sei lá que horas. Estou sem relógio, sem celular e sem carteira. Meus documentos, não tenho ideia. Eu só lembro de nós dois. E, mesmo assim, nada sei. Após a briga, acho que fui afogar a dor de cotovelo.
No posto de combustíveis, nessa beira de estrada, toca R.E.M. Uma rádio FM qualquer sintonizada. Um caminhoneiro retorce o rosto. Não entendo se é por causa da música ou da minha presença.
No bolso, uma carteira de Marlboro pela metade. Nas mãos, um isqueiro Zippo falsificado. No céu, tantos pontinhos piscando que imagino: se não tiver vida em outra constelação tudo isso é um tremendo desperdício de espaço. Será que os ETs louvam algum deus? Pensamento sem noção para o momento.
Michael Stipe não se cansa de dizer que "sometimes everything is wrong" e o caminhoneiro continua com a mesma cara, um misto de que acabou de peidar com contemplação de assassinato, seja lá o que isso signifique. Nem lembro o que estou fazendo aqui. Apenas sei que é madrugada.
Procuro alguma pista. Vou até o banheiro, ligo a torneira e molho meu rosto. No relance que tenho com o espelho, visualizo uma marca de batom no pescoço. Vermelho. O lábio está um pouco rachado, como se eu tivesse beijado por longos minutos e, após, pego uma friagem sulista daquelas que dá inveja aos catarinenses. Acendo um cigarro.
O caminhoneiro invade o recinto. Pergunta: - e então, era gostosa? - Quem? - Indago. - Aquela linda ruivinha que te largou aqui. - Maldita puta!
Aí eu lembrei. Tinha acabado de ser roubado.
Eu vou fumar todos os cigarros. Vou desaparecer com a fumaça. Vou consumir todos os remédios. Vou sumir com a ansiedade. Vou procurar todos os métodos, vou seguir nos erros. Vou revirar os vodus. Vou beber a macumba. Vou ao submundo. Vou morrer para ressuscitar. Vou beber aquele veneno. Vou tragar todas as derrotas. Vou viver a mesma situação. Vou amar outra pessoa. Vou prosseguir como estorvo. Vou seguir como perdido. Vou chorar a mesma música. Vou escrever um novo roteiro. Vou estraçalhar o meu peito. Vou cuspir o azedo. Vou dar um beijo seco. Vou chupar o amargo. Vou contar os segundos. Vou atirar nos minutos. Vou atropelar um coração. Vou sofrer o caramba. Vou reviver o futuro. Vou viver o passado. Vou praticar o presente. Vou me perder na estrada. Vou pedir uma carona. Vou viajar pelo deserto. Vou ser amigo da solidão. Vou encontrar a derrota. Vou cortar a cabeça. Vou cheirar óleo diesel. Vou ressecar o olho. Vou furar a mão com um prego. Vou subir uma montanha de pó. Vou sorrir a tristeza. Vou desapegar o contato. Vou desejar um abraço. Vou querer muito mais. Vou pensar no roçar de pele. Vou querer algo mais. Vou lembrar de você. Vou novamente sofrer. Vou correr pelas escadas. Vou encontrar o topo. Vou pular no abismo. Vou cair com os olhos abertos. Vou dormir para te achar. Vou sonhar para viver.
Até de amor nos curar
Nada se compara a você.
Eu queria ter um derrame de amor,
Por ti.
Meu rádio toca a mesma canção
Meu tímpano está viciado
E o meu corpo também.
Por ti.
Respiro aquilo que te cheirei
Do peito até sua nuca
Da tatuagem até a virilha.
Nada se compara a você
E tenho medo
Que tudo será comparado,
Nos próximos,
Nos outros,
Nos vácuos.
Eu queria ter uma ferida contigo
Que continuasse aberta
Até de amor nos curar.
lsH
Na aventura dos sentidos
O tempo resgata os perdidos
E aquele ali, que antes
Escrevia poesias marginais
Agora elabora discursos
Para os petistas.
E o calor de seus lábios
Hoje esfriam o amor
Que os direitistas, ora exacerbados
Portanto cancelam
Gritos exacerbados.
No trajeto da sua letra
Algo ecoa nesse ouvido
Porque no outro, eu duvido
Que a Marina vá profanar.
Mas na aventura dos sentidos
O tempo resgata
Até os esquecidos
E a dança cega da digitação
Far-se-á breve, por obrigação.
Já fomos mais inteligentes
Já fomos mais sagazes
Já fomos mais felizes
Já fomos mais interessantes
Já soubemos escrever.
Já soubemos interpretar.
Já fomos mais leitores.
Já fomos mais amáveis
Já fomos mais amantes
Já fomos mais sorridentes.
Já soubemos distinguir.
Já soubemos brincar.
Já fomos mais futuro
Hoje somos saudosistas
Para o bem e para o mal
Até a morte, amém.
lsH
domingo, maio 01, 2022
terça-feira, abril 26, 2022
domingo, abril 24, 2022
Não mando notícias, não mando nada. Não mando nem no famigerado coração. Não mando em ninguém, não mando amém. Não mando nem em auto-combustão. Não mando na Sarah, não mando na Ella, não mando na Elis, não mando na Etta. Não mando tomar no cu. Não mando em ti. Não mando em mim. Não mando à merda, não mando ao céu, não mando ao inferno, não mando no filho. Não mando na mãe, não mando em bandos, não mando em você. Não mando beijos, não mando abraços, não mando em canções, não mando em lágrimas, não mando gostar. Mas se gostou, obrigado, pois pelo menos mandarei amar
quinta-feira, abril 14, 2022
Sexta-feira Santa
quinta-feira, março 17, 2022
Fim
quarta-feira, fevereiro 23, 2022
Todo zen
quinta-feira, fevereiro 03, 2022
Eu quero a marginalidade em fratura exposta no meu corpo novamente. Desejo sentir na mente a inconsequência de não me arrepender pelos atos, independente dos fatos. Peço pela clemência do alcatrão que corrompe a minha garganta. Espero sentir outra vez o sangue das minhas mãos. Quero fumar Tom Waits. Quero rasgar Lou Reed. Quero dilacerar Ginsberg. Eu quero tudo sem culpa, incluindo o exagero dos versos, da pronúncia errônea e da falta de coesão. Eu desejo a leveza bêbada que eu não consigo entregar, pois insisto em me controlar e não me deixo levar pela embriaguez que outrora sobrevivi.
Os deuses
Coisas belas e sujas