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Histórias da infância, parte I


Era final de agosto de 1993. O jovem estava recém completando 12 invernos que, no futuro, seriam infernos. Ele já nasceu predestinado às falsas ilusões. Seu primeiro grande ídolo foi o David Bowie, culpa de suas tias malucas que o fizeram assistir Labirinto aos cinco anos de idade.

Era final de agosto de 1993. Um parente mais descolado lhe entrega uma novidade para a época. Um tal de CD. E, pior, um CD de uma banda indie americana que fez Kurt Cobain compor um dos maiores clássicos da década de 1990, algo que atende pelo nome de Smells Like Teen Spirit. "Eu vinha desesperadamente tentando escrever a melhor música pop de todos os tempos. Estava querendo compor no estilo dos Pixies", teria dito o falecido.

O menino abre a caixinha embalada em um pedaço de jornal e se espanta. Ele ficou imaginando o que "Surfer Rosa" significava - Uau! Pixies! Que diabos é isso - indagou-se mentalmente. Não demorou e colocou a bolacha no recém adquirido som 3 x 1, comprado em cinco vezes pelo seu pai, trabalhador afoito, na época.

A porrada sônica inicia com "Bone Machine". Bateria conversando com o baixo na introdução. A guitarra entra depois e Frank Black falando frases sem sentido. "I was talking to the preachy-priest about kissy-kiss. He bought me a soda, he bought me a soda and tried to molest me at the parking lot". Assustador. Distorção na veia cristã de um recém descoberto emissário perdedor. Aos 12 a vida recomeçara, sobretudo depois de sair pulando ao som de "Broken Face". Com um título assim, a música não poderia ser ruim, pensava. O falsete do vocalista entrava pelo ouvido como se estivesse estuprando os tímpanos. Na hora do estupro, o negócio é relaxar e gozar. Se debater só piora o caso.


Final de agosto de 1993, uma época de descoberta. Os colegas nunca entenderiam o que o Pixies significava para a vida. Todos na mesma idade, mas nenhum com os mesmos pensamentos. Algo que viria a acontecer no futuro. Tudo por culpa de um primo que influenciou o gosto musical. Depois o aprendiz ficou melhor que o mestre. Tudo graças ao mais perfeito som: "Cactus", do Pixies.



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Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.