Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de junho, 2008

O Assassinato

Verso falso Mentira exata Amor carente Tiro no escuro Sonhos quebrados Noite perdida Resposta exata Poesia suja Situação engraçada Dizeres escondidos. Letra torta Precisa decisão Tremor noturno Ouvido aberto Imprecisa conclusão Música triste Crime passional Sangue inocente.

Bobeiras trocadas pelo MSN

Bruno diz: mas faz parte Leonardo Handa - un, dos, tres, toca la pared diz: mas tudo passa, até uva passa Bruno diz: até o ferro passa Leonardo Handa - un, dos, tres, toca la pared diz: isso mesmo Leonardo Handa - un, dos, tres, toca la pared diz: menos o Rubinho da Fórmula 1, este não passa Bruno diz: uahuahauuahuaha Leonardo Handa - un, dos, tres, toca la pared diz: mas o Felipe, este sim, é Massa Bruno diz: nossa Léo Bruno diz: coloca no teu blog essa Leonardo Handa - un, dos, tres, toca la pared diz: ihahiahiaihaihaihaihaihiahihaiha Leonardo Handa - un, dos, tres, toca la pared diz: ok, vou pôr Bruno diz: até o tempo passa Leonardo Handa - un, dos, tres, toca la pared diz: he he he he

Tudo passa, mas a falta fica

Doce manhã banhada pelo astro-rei. As dores do tímpano agora estão amenas. Serenas, no entanto, são as situações mastigadas a cada dia. Mas hoje o primeiro mandamento é acordar feliz. Um café degustado na imprecisão do tempo que não fica estabelecido. Um velho jornal sendo lido como se fosse atual. Comidas sem sabores na geladeira. Uma planta morta no canto da sala. O rádio estragado. O gato implorando por comida descente. Disseram que a viuvez não se ensina, se convive, contudo, difícil é aprender os meadros da situação. Talvez fosse mais fácil ensinar um cachorro assoviar New York New York no mesmo tom do Sinatra. Contudo, a ordem suprema é acordar feliz. O chão está estúpido. Estupidamente repleto de pó, Nescau, bosta de felino, mijo, papel de bala, migalhas de bolacha, pedaço de pão mofado, jornais e revistas. O cheiro do apartamento não lembra mais a infância, está mais parecido com o odor do Armagedon. Como é um dia para ser feliz, nada melhor do que começar uma bela faxina no re...

Poligamia

Estou praticando muito a poligamia. Não tenho culpa, encontro muitas pessoas interessantes. Quando percebo, o amor já aconteceu. Às vezes é apenas uma transa, em outras, é paixão. Nego a culpa e não considero traição, de maneira alguma. Podem me chamar de puto, galinha, cretino e demais adjetivos peçonhentos. O meu veneno é mais em baixo, confesso. O fato é que tal ato me inspira no dia-a-dia, seja através de escritos, doses homeopáticas de gratidão, na minha musicalidade, no jeito de ver as coisas, as pessoas e as leituras. Não é de boa índole, mas aconselho a poligamia a qual me refiro.Ontem a noite a suruba foi geral. Várias posições, encaixes, diálogos e sussuros. Gemidos também, muitos. Culpa da Kim Deal. Ela é fogo. Foi a primeira. Quando percebi, os outros integrantes do Pixies estavam juntos. Quando terminamos, fui para cama com o Sonic Youth e, para apimentar o papo cabeça clitoriano (!), convidamos Nietzsche. Na realidade, queríamos o casal estranho Sartre e Simone, mas os do...
Entenda beleza, eu ainda prefiro o conteúdo. Sua graça me distrai, mas procuro manter a calma. Confesso que já me perdi em seu torso nu. Na sua pele morena. Nos seus cabelos escuros e nos seus olhos castanhos. São tão invencíveis, pedaços sublimes de pecado exacerbado. Em você, eu me perco, reviro o acaso, me torno poeta. Em você, me transformo em plebeu, obedeço os critérios, pratico adultério e procuro um consubstancial. Porém, entenda, ainda primo pelo teor. Já solicitei tantas vezes, quase nunca fui ouvido. Não adianta, você sempre consegue me seduzir. Eu sou fraco, eu sou carne, eu sou ser, abstrato, confuso, continuado. Quando adentro, fico idiota, caricato: estereótipo de capa de revista. Então, como não agüento, eu me entrego. Mas ainda falta o conteúdo. Portanto, entenda beleza, você está me fazendo perder os valores. Fazia tempo que eu não me entregava em uma batalha. Você continua ganhando. Todas. Estou jogando meus princípios no vaso sanitário, nos tocos de cigarros, nas ta...

A Troca

Trilhas insólitas do destino Vejo-me perdido Mas abro o sentimento E percebo o bom caminho. Não acredito hoje no carinho O meu lado mais feliz Eu sempre fiz sozinho Porém, um dia, bem insípido, Iracundo acordei a vida E larguei em um caderno A minha lassidão passiva. Descrevi aos poucos a situação Encarei a tal condição. O pouco dinheiro no bolso Fez-me perlustrar Confesso que me precipitei O pedido me deixou ainda Muito mais confuso E aceitei normalmente O meu adjetivo característico: A boa e velha solidão. Você nunca quis mostrar Em uma assinatura o amor Eu achei que fosse charme Mas era pura sinceridade Agora falso eu trilho Com verdade, contudo, brilho O incomum consenso Que não entendem feliz O seu intenso safismo.
Eu daria tudo para abrir os olhos e conseguir enxergar o relógio. Mas não consigo. Eu queria acordar e enxergar o seu rosto pela manhã. Mas não enxergo. A nitidez se faz presente apenas em sonhos, improvisos banais do meu cotidiano. Às vezes imagino o ponteiro maior marcando o horário correto, anunciando um encontro outrora firmado. Porém, a distância impede. Então volto a rabiscar velhos poemas decorados em um pedaço de papel de uma agenda do ano de 1999. Bons tempos. Não lembro ao certo como começava a canção, recordo que o refrão era entoado sempre quando nos encontrávamos. "O passado é seguro / Por isso estamos aqui / 1999 / Vai ser só mais um ano / Um dia na vida uma gota no oceano / Se eu pedisse / Pra você duvidar do que eu digo / Por onde você começaria / Nós todos temos medo / E o meu pode me cegar". Realmente cegou e hoje, não consigo perceber, contudo, o retrato continua no mesmo lugar. As lembranças, também. Os dilemas, além. Mas repito, ainda: "o passado é...

De repente (Leonardo Handa e Larissa Mazaloti)

De repente, a gente percebe o sopro que é a vida. De repente, sem planejar, a gente dá uma volta Entre os mortos e pensa na história guardada Em cada palmo debaixo da terra. De repente, "eu me vi com medo de viver Comigo apenas e com o mundo". De repente, eu te amo um pouco mais. De repente, a gente percebe que somos feitos de sonhos. De repente o acaso nos apresenta os deletérios. De repente somos apenas o repente. De repente somos um corpo, afinal, recheio de gente. De repente, em cada extremidade, um dedo. De repente, utilizamos para tocar, e lembrar que precisamos sentir. De repente é amor, então, sintamos ainda mais. De repente, água ardente pra curar a dor. De repente, água ardente pra esquentar o amor. De repente somos eu e você.
Minha miopia querida, não me deixe mesmo enxergar. Ver o quê? Não há nada bom para ser apreciado. O mundo jet set é tosco. Todos são certos em exageros. Não existe mais ninguém com coragem. Tudo é um pacote muito bem pensado. Ousadia não há. A plastificação é o ditante. São os mesmos sorrisos, os mesmos gostos, os mesmos consensos e os mesmos conselhos. Nas ruas, as mesmas conversas. Nas esquinas, os mesmos sapatos. Nas prateleiras, as mesmas películas. Nos jornais, as mesmas notícias. Nos restaurantes, as mesmas comidas, os mesmos sabores. Nos olhos, as mesmas cores. Nada novo. Nada realmente extraordinário. Ninguém mais explode em imaginação, em criatividade. Um modus operandi desgostoso, nojento e supérfluo. Melhor nem ver.

entranhas estranhas

Ela não acreditou quando lhe mostraram o mundo refletido em olhos de elefantes. Não desejou nenhum bem, mas não deu vazão ao mal. Apenas sorriu um favor pela realidade. Justificou em estrelas cadentes, que acabavam de morrer, seu pouco amor. Caiu do alto do andar que enroscava distraído em um céu de mármore ardido. Pensou estar sonhando com deuses mitológicos em uma banheira de cristais. Pavimentou o caminho com pequenas gotas de chocolate e se entregou nua ao destino traçado por uma caneta Bic vermelha. Abriu a rosa de metal líquido que logo escorreu entre as entranhas estranhas. Fechou a boca para que a borboleta atômica não adentrasse o seu canal mais sincero. Congelou em sentimentos agrupados por bezouros azuis que queriam denunciar a carnificina. Se viu magoada em um cálice de pólvora que explodiu alegrias adjacentes. Queria um pouco mais de tempo para continuar a sina do viver. Mas ela não sabia do sentimento, um ferro gravado em seu crânio de isopor. Tentou outras alternativas, ...
Era mais um dia normal na vida de Julia Sabrina. Ela, estudante de Comunicação Social, faz parte daquele grupo autodenominado "Inclusos Digitalmente". Tinha tudo arquivado em bytes e megas em seu notebook, presente dado pelo papai, um bancário trabalhador que sustenta duas famílias. Quase ninguém sabe disso. Enfim, Julia acordou e achou que teria mais uma rotina diária. Escovou os dentes, lavou o rosto e foi ao trabalho. No ofício, nada novo. Escreveu umas matérias, atualizou o site da instituição, entrou no Orkut, conversou com amigos no MSN no Google Talk. A manhã passou rápido. Após o almoço, lembrou que precisava ir ao banco, urgentemente. Não pensou duas vezes e correu como uma velocista até o ponto de ônibus. Foi tão rápida que quase quebrou o recorde dos 200 metros livre. E o notebook junto. Chegando ao centro da cidade, desceu do busão e caminhou até o banco, aquele laranja. Toda feliz, já que ia dar tempo de resolver a questão, foi atravessar a porta giratória que to...

Ferroso

Depois de muita expectativa, finalmente consegui assistir ao filme Homem de Ferro. Fiz questão de esperar a estréia no cine-teatro da cidade em que resido, Pato Branco (daí), mas confesso que fiquei tentado em baixá-lo, conforme um amigo também revelou. Sem dúvida valeu a pena vê-lo em tela grande, apesar de que o local que projeta os filmes não seja dos melhores. Ainda peca muito, porém, melhor assim do que nada. Para quem já apreciava as histórias em quadrinhos do Ferroso (sim crianças, ele não é invenção de Hollywood, e sim, de Stan Lee), não vai se decepcionar com o roteiro e direção de Jon Favreau. Tem tudo. Uma boa introdução do herói, a mocinha elegante, reviravolta na história, antagonista doente pelo poder, ação e um ator que exala carisma em doses de uísque. Não consigo imaginar o filme sem o Robert Downey Jr. Ele encarnou o gênio da indústria armamentista do universo Marvel com uma categoria absurda, deixando na poeira as atuações de Christian Bale (Batman) e Hugh Jackman (W...

Economia

Ela passa desfilando ácido pelas calçadas úmidas da cidade negra. Sorri favores como se fosse uma bomba de Napalm pronta para explodir em guerras orientais. Exala fumaça do peito reformado por um estagiário do Pitangy. Sua presença nas ruas inibem os outros seres noturnos. A força do seu olhar corrompe crianças que buscam diversão. Está com meias rosas que somente são descobertas quando Onças espirram de carteiras. Seus lábios não usam qualquer batom. Seu corpo não veste qualquer pano. Ela é distraída, já causou acidentes de trânsito. Ela é perseguida, mas a polícia é sua amiga. Às vezes vaga solitária pelos bares da cidade. Acende e fuma cigarros Marlboro. Bebe hi-fis turbinados, como se fossem urina do diabo. Não é um tipo descartável, mesmo sendo a favor da ecologia. Já usou casacos de coalas. Têm noites que fica só fazendo cena, manifestando vontade até em pederastas. Mas a maioria quer analisar as suas unhas. Certo mês quase casou um deputado. Mas ele não entendeu a sua profissão....

Ringtone de protesto

Um bardo lança suas frases destruidoras junto ao ouvido. Escorrem poesia guerrilheira do tímpano, quase um sangue de paixão e devoção. O dedilhado do violão incorpora imagens cinzentas de uma época em que as informações eram camufladas ou substituídas por receitas de bolo. Se algum filho barbudo desaparecia, os vizinhos já sabiam o motivo, mas as páginas não podiam divulgar. Uma mãe foi morta à procura do primogênito. Estilista renomada. As notas oficiais divulgaram problemas no freio do carro. Mas as notas negras revelaram o contrário, uma armação verde, amarela, azul e branca. Período escuro de uma época de ame-o ou deixo-o. Ainda hoje as pessoas recebem informações desencontradas, mais elaboradas e bem escritas. O que existe hoje é uma falta de interesse por parte do eleitorado. Algo meio triste em uma época complicada, porém, vendida como feliz e de crescimento econômico. O bardo continua a soltar e dilacerar os seus versos antagônicos. Ninguém está ouvindo, eles preferem o novo ri...
Rodopie linda com o seu vestido febril. Deixe as flores atingirem o seu rosto. Dancemos ao som de City Pavement. Fotografemos as faces em frias manhãs. Deitemos de novo em um ninho de edredon. Deslize devagar pelo meu pulso acelerado. Respire meu ar. Um café da manhã em Vênus, acordando em Elizabethtown, como se fosse uma lenda. Ao lado do universo, ninguém tira as nossas chances. Temos sempre mais um habana blues, um tango, uma dança suja. Uma nova canção desesperada para apreciarmos. Um eterno registrado. Cada qual. Cada em si. Em mi maior.