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Ringtone de protesto


Um bardo lança suas frases destruidoras junto ao ouvido. Escorrem poesia guerrilheira do tímpano, quase um sangue de paixão e devoção. O dedilhado do violão incorpora imagens cinzentas de uma época em que as informações eram camufladas ou substituídas por receitas de bolo. Se algum filho barbudo desaparecia, os vizinhos já sabiam o motivo, mas as páginas não podiam divulgar. Uma mãe foi morta à procura do primogênito. Estilista renomada. As notas oficiais divulgaram problemas no freio do carro. Mas as notas negras revelaram o contrário, uma armação verde, amarela, azul e branca. Período escuro de uma época de ame-o ou deixo-o. Ainda hoje as pessoas recebem informações desencontradas, mais elaboradas e bem escritas. O que existe hoje é uma falta de interesse por parte do eleitorado. Algo meio triste em uma época complicada, porém, vendida como feliz e de crescimento econômico.

O bardo continua a soltar e dilacerar os seus versos antagônicos. Ninguém está ouvindo, eles preferem o novo ringtone lançado pela operadora de celular. Aliás, a concepção de hit não se encontra mais em rádios, e sim, em telefones móveis. A Ivete Sangalo continua absoluta também nesse quesito. Música de protesto, atualmente, é coisa de universitário que usa All Star, mas critica a Nike. A canção morreu na década de 1970. Mentira! Ainda temos Asian Dub Foundation, Manu Chao e Fred Zero Quatro. A palavra ainda conserva a realidade, contudo, é preciso saber ouvir e procurar os autores do gênero. Mas o bardo que agora está no toca-discos ganha prêmios na MTV. Talvez seja o simples fato do respeito, um tanto quanto industrial. Culpa deles mesmos, os criadores da concepção. Se não queriam ser referência futura, que não tivessem iniciado carreiras. A indústria cultural do velho Adorno é sagaz até com os protestantes. Se o Chico Buarque é tão rico e conhecido hoje, ele também deve a ela. Mas ele é deus. Fazer o quê?

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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 
O barulho, o som, o tudo. As vozes, a esquizofrenia. Quem aguentaria? É preciso jogo, é necessário o respirar. Chega a ser jocoso, parece lacrimoso. O volume, os gritos, a conversa. O cansaço no mormaço. O não relaxar do momento. Os nervos, a fúria, o ventre. O vento que não entra E o apuro do socorro. A bagunça e a falta de concentração. A raiva que aparece. O berro que permanece. Aqui, mudo, em silêncio. Como haveria de ser. Mas não é. lsH
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.