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Eu daria tudo para abrir os olhos e conseguir enxergar o relógio. Mas não consigo. Eu queria acordar e enxergar o seu rosto pela manhã. Mas não enxergo. A nitidez se faz presente apenas em sonhos, improvisos banais do meu cotidiano. Às vezes imagino o ponteiro maior marcando o horário correto, anunciando um encontro outrora firmado. Porém, a distância impede. Então volto a rabiscar velhos poemas decorados em um pedaço de papel de uma agenda do ano de 1999. Bons tempos.
Não lembro ao certo como começava a canção, recordo que o refrão era entoado sempre quando nos encontrávamos. "O passado é seguro / Por isso estamos aqui / 1999 / Vai ser só mais um ano / Um dia na vida uma gota no oceano / Se eu pedisse / Pra você duvidar do que eu digo / Por onde você começaria / Nós todos temos medo / E o meu pode me cegar".
Realmente cegou e hoje, não consigo perceber, contudo, o retrato continua no mesmo lugar. As lembranças, também. Os dilemas, além. Mas repito, ainda: "o passado é seguro, por isso estamos aqui". Eu queria ainda estar lá, naquelas tardes vazias, naquelas conversas jogadas, naqueles assuntos descompromissados, naqueles dias vadios.
Nunca esqueço quando tirado ao violão, uma batalha foi travada ao som daquela que iniciava com "good times for a change". Poético. Deveríamos ter gravado. Mas agora não consigo enxergar e o meu relógio foi quebrado.

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Acertos maus

Contato ausente Em pele quente Que arde dor De passado beijo Desfeito antes Recriado oposto Delicado gosto. Mentira exposta Na boca torta De beleza oca E fala morta Que acabou O amor incerto De brigas boas, Acertos maus, Vontades outras, Saudades poucas. Ainda há bem Outrora ruim Um desejo em mim De tragar o fim Engolindo gim.
Para o amor, o bastar O exagero, o gostar A carícia, o acordar O café, o sorrir A voz, sussurrar O beijo, o selo O abraço, o continuar lsH
Patti Smith me dá razão nesta madrugada. Tentei ser, pelo menos, amigável, mas confesso que fui um pouco falso, torcendo para que não aconteça o que você tanto quer. Acendi meu cigarro e fiquei pensando: para que ser assim? Vou ganhar alguma coisa? Não. De maneira alguma. Talvez eu esteja cansado de ser o bom das histórias. Um grande amigo meu, certa vez, me disse: Léo, o problema é que você é muito bonzinho. Não é exatamente isso que as pessoas as quais nos apaixonamos querem? No meu caso, parece que não.  Por isso que agora a Patti me dá razão, principalmente por causa dos versos: "i was thinking about what a friend had said, i was hoping it was a lie". Sim, eu me sinto culpado de ser o bom da história. Se isso acontece, se de fato sou assim, por que sou chutado? Pois é... Think about.