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Era mais um dia normal na vida de Julia Sabrina. Ela, estudante de Comunicação Social, faz parte daquele grupo autodenominado "Inclusos Digitalmente". Tinha tudo arquivado em bytes e megas em seu notebook, presente dado pelo papai, um bancário trabalhador que sustenta duas famílias. Quase ninguém sabe disso. Enfim, Julia acordou e achou que teria mais uma rotina diária. Escovou os dentes, lavou o rosto e foi ao trabalho. No ofício, nada novo. Escreveu umas matérias, atualizou o site da instituição, entrou no Orkut, conversou com amigos no MSN no Google Talk. A manhã passou rápido. Após o almoço, lembrou que precisava ir ao banco, urgentemente.

Não pensou duas vezes e correu como uma velocista até o ponto de ônibus. Foi tão rápida que quase quebrou o recorde dos 200 metros livre. E o notebook junto.

Chegando ao centro da cidade, desceu do busão e caminhou até o banco, aquele laranja. Toda feliz, já que ia dar tempo de resolver a questão, foi atravessar a porta giratória que todos os bancos insistem em ter. Pi pi pi (sinal sonoro). A porta bloqueou. O vigilante chega perto da moça, toda enroscada na porta, se sentindo a pior bandida sem objetivo de roubar. Ele fala:

- Mocinha, você deve estar com algum objeto de metal. Favor, retire-o antes de entrar.

- Não posso, comenta Julia.

- O que você tem nessa bolsa?

- É um notebook.

- Humm, terá que deixá-lo em seu carro, do contrário, não poderá entrar.

- Mas nem carteira de motorista eu tenho, quanto mais um carro. O vigilante achou que ela era alguma empresária de sucesso ou algo do tipo:

- Bom, então terá que deixar o "noteboque" com alguém, do contrário, não poderá entrar. Informou o vigilante. E a fila aumentando, deixando os outros clientes fulos. Julia Sabrina não estava nem aí. Ok, na verdade estava morrendo de vergonha, se sentindo a última pessoa do mundo "inclusa digitalmente". Aliás, veja que engraçado, com tantas campanhas de acessibilidade e emperram logo por causa de um simples notebook. Quanta discrepância. Sabemos que o computador é um elemento muito perigoso mesmo, ele é capaz de emburrecer as pessoas, porém, é inofensivo para um banco. Julia fala:

- Moço, preciso entrar, por favor. Não tenho onde deixar o note, tenho que pagar uma conta hoje.

- Tudo bem mocinha, dessa vez passa, mas espero que isso não aconteça novamente, do contrário, terei que suspender a sua entrada. Vá para trás e volte, assim a porta será liberada.

- Obrigada.

- Moça, mais um detalhe.

- Sim, pois não.

- O sistema do banco está fora do ar, só voltará depois das 16h.
"Ao invés do notebook, meu pai deveria ter me dado uma arma" - pensou Julia Sabrina.


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Dois

Do dicionário informal, a palavra "frustante" significa enganar a expectativa, ou seja, uma decepção. Apesar de ter sido uma delícia, no final, você resumiu com o adjetivo o ato. Também fiquei frustado. Mas de uma maneira diferente que a sua.  Como eu queria te satisfazer, não sentir o incômodo que me provocar reação perceptíveis que te deixam como uma lente sem foco, perdido à procura de uma imagem bela. O que eu posso dizer? Perdão. Continuarei conforme a vara for cutucando, até chegar a um acordo. Se você estará até lá comigo, isso não sei dizer. Acendi um cigarro para refletir a respeito, na sacada, admirando a chuva que caia. Pensei seriamente em dar um basta, cada qual cavalgando por estradas diferentes. Será que vale a pena? Sinto a presença do amor. Espero que eu não esteja errado quanto a isso, mesmo com os vários sinais que outrora você imprimiu. Enfim, vamos tentando ser dois. 
O barulho, o som, o tudo. As vozes, a esquizofrenia. Quem aguentaria? É preciso jogo, é necessário o respirar. Chega a ser jocoso, parece lacrimoso. O volume, os gritos, a conversa. O cansaço no mormaço. O não relaxar do momento. Os nervos, a fúria, o ventre. O vento que não entra E o apuro do socorro. A bagunça e a falta de concentração. A raiva que aparece. O berro que permanece. Aqui, mudo, em silêncio. Como haveria de ser. Mas não é. lsH
É preciso manter os dois olhos atentos, como se estivessem sedentos por sangue, por amor, pela conquista de um novo terreno, mesmo que seja árido, úmido ou magnífico. É necessário duvidar do que o mentor em sala de aula projeta, arquiteta e repassa, como se aquilo não fosse a verdade absoluta, pois existem outras maneiras de se obter as mesmas informações do que entre as quatro paredes. É mandamento, sobretudo, amar tudo o que você entende como essencial para viver e desregar o abismo incrédulo dos preconceitos, independente se você nasceu, se criou e permaneceu em solos repletos da hipérbole do tradicional, do convencional, do puritano e conservador. Mas, é fundamental interpretar.